Na última quinta-feira, dia 30, o Pensar a Educação, Pensar o Brasil retomou as conferências do XII Seminário Anual. Com o tema “Mídias, Educação, e Espaço Público”, o seminário começou o segundo semestre recebendo o jornalista e professor Maurício Guilherme para a conferência “Educomunicação, Transleitura e Processos de Mediação”. A partir de conceitos de educomunicação, o professor discutiu como e por que os territórios da Comunicação e da Educação podem se aproximar em projetos que deem autonomia para os indivíduos.
O pesquisador destacou que a educomunicação não pode ser vista como uma mera ferramenta ou tecnologia para ser usada no ambiente escolar ou comunicacional a fim de adestrar indivíduos para lidar com as diversas mídias ou para ilustrar processos educativos. Para o pesquisador, a educomunicação é um espaço autônomo, no qual os indivíduos devem constantemente pensar em novas narrativas e novas formas de ocupação. Para isso, Maurício destaca a ideia de ‘transcriação’, na qual os sujeitos munidos de todas as suas experiências e conhecimentos atreladas às mediações ao seu redor são capazes de ir além do simples consumo de informações. A transcriação não apenas faz com que a pessoa decodifique a mensagem recebida, ela também transforma essa mensagem de acordo com suas vivências e necessidades, cria novos significados sobre elas.
Devido ao processo de transcriação, a educomunicação se coloca, segundo o professor, como um território de sensibilidades e subjetividades. Neste espaço são possíveis vidas, culturas e experiências. Podemos assim, observar as possibilidades de uso das mais diversas tecnologias de comunicação, não apenas a partir das potencialidades dos veículos digitais e da transmissão em rede com as quais convivemos hoje e valorizamos suas possibilidades, mas incluindo veículos analógicos. As experiências são definidas por cada pessoa, e cabe ao educomunicador estimular essas experiências e possibilidades.
Neste sentido o professor lembra que os espectadores são sujeitos aprendentes. Por mais que para a comunicação a ideia de que nenhum espectador é passivo já esteja consolidada, é preciso desconstruir esta ideia ultrapassada entre os profissionais de outras áreas. Ele ainda destaca que além de não serem meros consumidores de conteúdo, os sujeitos também demonstram a capacidade de participar e interferir no espaço público a partir das informações recebidas através das muitas mídias e transcriadas.
Por fim, na interação com os participantes da conferência, o professor destacou o lugar das mediações no processo de educomunicação. Ele lembrou a necessidade de existirem regras determinadas pelos mediadores, mas também a necessidade de estes mediadores estarem dispostos a avanças e recuar de acordo com as experiências em andamento. A intenção é que todos os atores da educomunicação permitam a cada instante mais autonomia para vivenciar novas experiências.
Yolanda Assunção