Editorial da edição 266 do Jornal Pensar a Educação em Pauta
Quando, em final de 2018, parte significativa da população brasileira votou em Bolsonaro para Presidente da República, o fazia sabendo de seu total desapreço pela vida democrática. Não foram poucas as vezes que, ao longo de sua improdutiva vida parlamentar e durante a campanha presidencial, ele se posicionou publicamente contra os princípios e as práticas democráticas. Assim como não foram poucas as vezes, também, que ele demonstrou profundo desprezo pela vida daqueles e daquelas que, de alguma forma, punham limites aos seus desejos e ímpetos autoritários.
Por isso tudo, não é de se estranhar que, uma vez assumindo o comando do país, ele tenha se cercado de reconhecidos milicianos, de corruptos e das figuras mais abjetas da vida pública nacional. Sem contar, das pessoas que, sem nenhuma experiência ou apreço pela administração pública, foram alçadas ao primeiro escalão de seu governo.
Ancorado pelo empresariado nacional e internacional, pelos meios de comunicação servis ao governo e no apoio de parcela significativa do eleitorado brasileiro, Bolsonaro não cansa de ampliar e aprofundar a escalada antidemocrática e as políticas de morte de seu governo. Atenta contra a vida de seus adversários e daqueles e daquelas que considera fora de seus padrões de civilidade e normalidade (População LGBTQ+. Negros, Indígenas, Feministas, etc, etc, etc) e, num movimento crescente, contra a vida democrática no país.
Considerado o conjunto do governo Bolsonaro, o seu chamamento para o ato contra o Congresso Nacional e contra o Supremo Tribunal Federal não foi a primeira nem, talvez, a mais contundente agressão do Presidente à ordem democrática. No entanto, como já se disse aqui, o ato bolsonarista é uma motivação a mais para que as forças democráticas se articulem e ocupem as ruas em defesa do Estado Democrático de Direito e da vida de todos os seres que habitam nosso território e que têm sido ameaçados, quando não dizimados, pelas políticas obscurantistas do atual governo e seus aliados em vários Estados da Federação.
Sair às ruas nos próximos dias 08 – Dia Internacional das Mulheres –,14 – Dia de Lembrar Marielle Franco –, e 18 – Dia de Luta em Defesa da Educação e dos Serviços Públicos –, é, pois, um imperativo para toda cidadã e para todo cidadão que preza minimamente a Democracia e a Vida, qualquer que seja o seu credo político e religioso, sua raça e seu gênero, seu pertencimento geracional ou de classe.