Aprendendo a debater, aprendendo a viver – exclusivo

Laura Leal

Gabriel Siqueira

Nos últimos anos, uma atividade realizada entre alguns alunos secundaristas e universitários vem chamando a atenção de muitas pessoas. As simulações diplomáticas, como são conhecidas comumente, se configuram por ser um encontro organizado pelos próprios estudantes que, exercendo diversos papéis, desde Secretário Geral, a diretores de comitês, assistentes e delegados, discutem importantes eventos e situações de todo mundo, como se diplomatas fossem.

 

Por mais que as simulações possam causar certo estranhamento à primeira vista, essa atividade conquista todos que a conhecem. Em minha primeira experiência com simulações, no Colégio Militar de Belo Horizonte, quando ainda estava no oitavo ano, fiquei assustadíssima. Após observar meus colegas do ensino médio simulando, acreditei que nunca seria capaz de discutir sobre racismo, guerras, acordos internacionais e muitos outros assuntos como eles debatiam. Era incrível ver como adolescentes comuns eram capazes de se transformarem em verdadeiros diplomatas, representando os interesses de diversos países com muito profissionalismo.

 

Através das simulações, começamos a compreender como as relações diplomáticas funcionam, aprendemos sobre diversos assuntos de abrangência mundial, desenvolvemos a retórica e, o mais importante, conhecemos pessoas maravilhosas que querem fazer do mundo um lugar melhor. O jovem que simula expande seus horizontes, adquirindo uma visão muito mais humanitária sobre diversas questões. Posso afirmar que hoje, no primeiro ano do ensino médio, sou capaz de discutir sobre diversos assuntos e tenho muitas ideias sobre como resolver alguns problemas de nosso país e de ordem mundial.

 

Além dos comitês, onde ocorrem os debates, há também a agência de comunicação, responsável por atuar como uma espécie de imprensa, entrevistando os delegados e noticiando o andamento dos comitês. Dessa forma, a experiência se torna ainda mais interessante, uma vez que o aluno assume o posto de jornalista, editor-chefe ou fotógrafo dos maiores jornais do mundo, percebendo a grande influência que as mídias exercem sobre a população.

 

Embora existam há 16 anos no Brasil, a expansão desses projetos esbarra na limitação de recursos para a divulgação, embora hoje facilitada pelas redes sociais, e no alto valor das inscrições (em média, R$ 100, sem acomodação ou transporte para os forasteiros). Dessa forma, essa atividade ainda é acessível apenas para um certo grupo de estudantes, infelizmente. Seria muito interessante se houvesse incentivo por partes das secretarias de educação para que esse evento chegasse a todos. Afinal, as simulações são importantes ferramentas de aprendizagem que transformam vidas.

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