A Tradutora, de Cristovão Tezza

Luciano Mendes de Faria Fillho

 

Para a  Yolandao Assunção, pela provocação!
Para a  Priscilla Bahiense, pela indiscrição!

Acabo de ler o novo livro de Cristovão Tezza, A Tradutora. Gostei muito. Como estou em transito para Curitiba, cidade onde se passa a história, e para atender a uma provocação da Yolanda Assunção, de que fiquei sabendo por uma adorável indiscrição da Priscilla Bahiense, resolvi convidar o(a) leitor(a) do Pensar a Educação em Pauta a ler o livro.

Diferentemente do último dele que eu li, O professor, que tinha a memória como ingrediente principal, neste é o frenesi da vida cotidiana moderna, e atualíssima,  que dá o tom da narrativa e da história. O  livro se centra na história de uma tradutora curitibana que, às voltas com a tradução do livro de um filósofo catalão para o português, é contatada pela FIFA para acompanhar um de seus executivos que fará uma visita a Curitiba como parte da preparação para a realização, na capital paranaense, dos jogos da copa do mundo de 2014. Afetivamente, ela mantém um relacionamento tumultuado com um escritor paulista de relativo sucesso, mas depressivo, e uma grande cumplicidade com uma amiga.

Por meio do trabalho de tradução, é introduzida no livro a tensão filosófica contemporânea acerca do entendimento do mundo, sua manutenção e/ou transformação. O criativo filósofo catalão  é defensor ferrenho da filosofia moderna contra os pós modernismos todos! A social democracia aparece, aí, como o melhor dos mundos possíveis no contexto contemporâneo, e a esquerda são consideradas ótimas para tensionar (e dirigir) a política em direção  à garantia dos direitos, mas uma péssima governante quando assume o executivo.

De outra parte, ao aceitar ser intérprete do executivo (alemão) da FIFA, a tradutora nos conduz ao mundo (e ao submundo) dos grandes negócios dos esportes, particularmente do futebol. Aí, os negócios públicos e privados se confundem, com a empresa transnacional do futebol agindo em defesa de seus interesses corporativos e de seus aliados, com a conivência ativa dos que recebem os “benefícios” de realizar uma copa do mundo.

Entre um passeio e outro, entre a visita a um terreiro de culto afro-brasileiro e aos restaurantes, a cidade vai sendo revelada ao(s) visitante(s),  há tempo para romances e mais reflexões sobre o Brasil e as culturas brasileiras. Há, também,  a reafirmação de como é complicado explicar o país para o estrangeiro e, por outro lado, de que este não está necessariamente interessado em entender o Brasil, mas em  usufruir de seus encantos e riquezas, todas elas!

Um ponto alto do livro é a forma como Tezza narra a história que conta. É um texto muito pouco linear, em que os recuos no tempo, as situações intercaladas  e as temporalidades diversas, articuladas no  mesmo fluxo textual,  são recursos que tornam a narrativa complexa e fascinante. Narrar é uma arte, e  Cristovão Tezza tem demonstrado que, também neste domínio, é um artista singular!

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