A terra em brasas

Valter Machado da Fonseca

O “Aquecimento Global” é o tema do momento. Mas, desta vez não se trata de mais um “modismo”, como aconteceram em várias oportunidades com o sensacionalismo dado pela rede de comunicação de massas, inúmeras vezes, às temáticas ambientais. Vários estudiosos sérios, de diversos ramos das ciências da Terra, há muito já chamam a atenção para o drástico grau de enfermidade do planeta. O planeta dá claros sintomas de seu estado febril, de seu estado de agonia. 

Mas não se trata de uma febre qualquer, mas de uma reação ao vírus da prepotência humana. A terra responde da única forma que lhe resta, com a única alternativa que lhe é oferecida. Quando um organismo de qualquer forma de vida encontra-se em estado febril, com a consequente elevação de temperatura, é sintoma da existência de alguma infecção, de algum elemento pernicioso ao seu funcionamento, ou, simplesmente, uma reação à presença de quaisquer corpos estranhos, incompatíveis, contraditórios com seu metabolismo. O aquecimento dos corpos é o sintoma da reação dos anticorpos que agem para expulsar os vírus estranhos, que podem ser letais para esses organismos, podendo levá-los à morte. Isto ocorre com a saúde do Planeta, ele está febril. 

Não existe mistério para explicar o “Aquecimento Global”, os fatos falam por si mesmos. O homem experimentou o paladar saboroso do lucro proporcionado com a exploração desmedida dos recursos da natureza e, acreditou que não existiam limites para sua ganância. Afinal de contas, a natureza existe para servi-lo, unicamente para isso, imagina ele, na sua infinita e “infalível racionalidade”. Afinal, a terra pode suportar tudo, ela é “matéria morta”, “natureza inanimada”, não possui a infinita capacidade de raciocínio do homo sapiens. E é exatamente contra este vírus letal da prepotência humana que a Terra reage e lança seus anticorpos. O avanço sem precedentes da tecnologia, a racionalidade técnica e científica dá poderes ilimitados à prepotência gananciosa da espécie humana. É dentro deste contexto que o planeta reage.

Mas, a reação do planeta é altamente democrática. Ele não separa os “homens bons” dos “homens maus”, os sensatos dos insensatos, os ricos dos pobres, os poderosos dos miseráveis, pelo contrário, sua ira atinge todos os homens indistintamente. Esta é sua suprema e sábia democracia. A “natureza morta”, que o homem acreditava dominar e explorar, dá mostras de sua força, de sua sapiência, de sua vida, de sua supremacia.

Nos tempos modernos, transformações que a natureza levaria centenas, milhares e até milhões de anos para processar, acontecem em poucos anos, ou até mesmo em dias, sob a ação humana. O planeta está seriamente enfermo. Estudos mostram a gravidade do atual estágio de degradação ambiental do planeta, ao mesmo tempo em que apontam para soluções incertas e duvidosas. Cientistas chegaram à desoladora conclusão que a problemática do “Aquecimento Global” se tornou um processo irreversível. Chegaram a afirmar que a floresta amazônica pode virar savana, o cerrado (as manchas que ainda restam dele), os campos e o sertão do semiárido podem virar desertos. Chegaram mesmo a afirmar que a espécie humana, tem um comportamento inédito (no sentido de destruição e desequilíbrio), dentre todas as espécies, cujas vidas já foram registradas no planeta, em todos os tempos.

A espécie humana, apesar de possuir apenas alguns segundos de existência, geologicamente falando, já causou danos e estragos nunca dantes conhecidos. Estas mesmas pesquisas apontam para a extinção da espécie humana em apenas mais alguns segundos (em tempo geológico) da existência humana sobre a face da Terra. Após a extinção do homem, a terra, com certeza, se recomporá de uma forma mais saudável, sem a ameaça da existência humana. Aí, a Terra terá conseguido levar a cabo sua reação, terá expulsado de seu organismo, da forma mais dolorosa, o vírus pernicioso da prepotência humana, o grande responsável por suas enfermidades e seu estado febril. O SARS COV 2 traz em seu fragmento de RNA, encapsulado numa membrana de proteína, o aviso que Gaia insiste para que compreendamos o alto grau de suas enfermidades. O problema é que o homem também insiste em não compreender sua ganância desvairada, colocando-se de uma vez por todas num patamar acima da natureza e, as conferências mundiais mostram que ele não está disposto a recuar. Vejamos o que virá após a Covid 19! 


Imagem de destaque: Tumisu 

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