Lá
As cores são outras
na rua do outro lado do rio.
Verdes vislumbram o renascer
de um tempo que outrora
trouxe alegria às crianças
esguias, que corriam
enquanto sentiam
o suor de um dia de paz, livres.
Azuis límpidos que beiram a tranqüilidade
Nas linhas de senhoras tricotando
Evocando a monotonia de um dia,
Enquanto sentem seus dedos
Entrelaçando as agulhas, unhas
Sob a memória viva de um saber
remanescente, como seus corpos.
Vermelho, como o sabor
De cada refeição calorosa
Em que a família estava
Enfim, reunida
Gargalhando
Enquanto ouviam,
os gemidos sofridos,
despidos e melancólicos
do parto de outra
rua do outro lado do rio.
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