A Lua e a Nuvem

Amanda Faria Passos 

Vagando sem rumo, sendo puxada com um fluxo irrevogável. Esse era o ciclo constante que Nuvem vivia. Junto com todos eles, ela sobrevivia. Não era chato, só era algo monótono e sem escolha. Não se encaixava.

Um tempestuoso e caótico tempo lhe pegou desprevenida, se é que ligava, e a levou para longe de todas as nuvens. O local era diferente de tudo que já havia visto ou que imaginava. Havia um gramado, vagalumes, grilos, sereno. Mas não havia o sol radiante, onde ele tinha ido parar? 

Sondando aos redores, viu que haviam bolinhas brilhantes, azuis, vermelhas, amarelas. Ah! Só podiam ser as estrelas, já ouviu falar delas antes. Realmente era magnífico, pensou. Acompanhada delas, havia o que era chamado de Lua. Provavelmente estava na fase cheia. 

Palavras não eram suficientes. Canções? Isso não transmitia nem um quinto. Poemas? Histórias? Desculpe William Shakespeare e John Green, tragédias disfarçadas de romance não se encaixam aqui. Aquilo era amor.

Olhos reluzentes. Traços de uma virginiana com ascendente em peixes. Desenhada por Leonardo da Vinci. Pintada por Vincent Van Gogh com a essência pura e etérea de Frida. Completando com o talento de Tarsila do Amaral. Sua alma, poética como Emily Dickinson.

Atraiu meu coração. Juntou-me a tua alma, formando dois a um. Conectei todos os laços vermelhos, na esperança de nunca me deixar soltar. Afoguei na sua profundidade, antes saudável. Viver era apenas viver momentaneamente, agora era a eternidade.

Mesmo quando o vento se arrastava para longe com velocidade, a noite retornava. Havia de ter encontrado o seu lugar? Mal sabia que a Lua era transeunte. Quase como um paradoxo.

A Lua estava lá, mas não presente. Não tinha como entender o porquê da Lua não se sentir completa. Mesmo que as criaturas de visão limitada, na maior parte do tempo vissem apenas uma parte dela, não devia se fazer a verdade genuína.

Os outros planetas estavam alinhados, todos estavam reunidos. A nuvem já não era mais parte daquilo. A insistência era imutável. Partir era a solução. A nuvem que não se via mais carregada há muito tempo, estava.

Todas as fases estavam lá. O azul se foi. O céu estrelado. A euforia. No final, talvez nada fosse recíproco? A fase era vermelha agora. A comunicação se tornou inexistente. A compreensão se esvaiu.

As estações passaram. A nuvem aprendeu a deixar ir. Ser livre. A liberdade. Novos ares foram visitados e pouco a pouco se recompôs. Achar seu lugar não era preciso. Achar a si mesmo era crucial. 

O final não foi trágico. Toda história tem um final. O que é bom deve ser vivido e contado. O infinito não significava duradouro ou para sempre. Apossou da felicidade própria e o resto foi contínuo.

O céu foi a dádiva, agora tudo é uma conexão. A linha em aberto sem atender. Aquela lua nunca foi minha, nunca foi nossa… O limite é infinito. Apoderando do que restou. Oras, hei de retornar a esses ares? Essas perguntas sem respostas nesse tempo espaço podem encontrar espaço nos escritos inexplicáveis. Permaneça como minha alma gêmea na linha vermelha esticada se emaranhando.

 

1 – Aluna do Ensino Médio da Escola Estadual Deputado Ilacir Pereira Lima, de Belo Horizonte/Minas Gerais. 


Imagem de destaque: Pixabay

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