Otávio Henrique Ferreira da Silva
Foi no dia 25 de setembro último, no Encontro Estadual dos Conselhos Municipais de Educação de Minas Gerais, que ouvi no diálogo com o professor Jamil Cury as expressões “pessimismo da razão” e “otimismo da vontade”. Leitura sábia, reflexões maduras, inconclusões. Daí nos emergiu a vontade de fazer este manifesto.
A educação não está precisando de heróis que de um dia por outro irão nos salvar dos descuidados sofridos e dos descasos aos oprimidos. Aliás, é bem improvável já a um bom tempo, que isso ocorra. A “crise” que nos impede de sermos um habitat mais justo igualitário e amoroso, está impregnada a algum bom tempo e não foi bem nesse ano ou nas últimas décadas que começou, mas desde que o capital e o poder se concentraram nas mãos dos poucos que, nos momentos de crise, alimentam a crise mas nunca a sentem de perto. Afinal, heróis criam crises, criam divisões, criam juízo, pelo menos são essas as características dos heróis da industrial cultural, que estão bem distantes de serem defensores dos direitos humanos.
Nas conversas, nos bastidores, nos corredores, nas salas de aula, nas escolas, nos conselhos, nas prefeituras, nos estados, na federação e na mídia, o pessimismo torna-se a razão mais a mão para fugirmos do compromisso que temos de construirmos escolas, educação e sociedade melhor. Os intelectuais, os mestres, os doutores, os professores e professoras, por mais estudiosos, estudiosas e ilustres pensadores que sejam, estão deixando sobrepor o pessimismo do pensar ao otimismo do fazer. Sobre isso, não se poupa ninguém, nem a mim mesmo. Talvez aqui vá uma crítica a Descartes ou a seus interpretadores ao dizer “Penso, logo existo”. A racionalidade é utópica e o real necessita também do fazer. A existência aqui, implica no que Freire chama de “Práxis”, ação e reflexão sobre a realidade para transformá-la. Pois como realizar mudanças sem a ação?
Este manifesto não defende a ausência do pensar em nossa existência, mas está dizendo que a educação, as escolas e a sociedade necessitam dos militantes e não dos heróis. O nosso meio social e a nossa educação estão precisando cada vez mais de pessoas que não se deixem tomar pelo pessimismo de modo a não agir, mas que o otimismo seja o norte da sua ação. A inteligência cognitiva deve nos ajudar como provocadora de mudanças e não para nos deixar mais passivos ou desanimados.
É preciso movimentar-se, reagir, construir, agir, mesmo nos momentos em que a vontade é jogar tudo pro alto e só ficar nas falácias desabrochadas (vai vendo, vai vendo, vai vendo). O pessimismo não promove a envergadura das escolas, educação e sociedade.
Assim, por mais coerente que seja a nossa razão, ela é inconclusa e não está impedida de sofrer mudanças. As mudanças, porém, só virão com o nosso posicionamento político, que não está apenas no saber analisar, no saber escrever, no saber pensar, mas, no saber preencher a nossa ação de posicionamentos políticos. Bem sabido foi Florestan Fernandes, que politicamente preferiu confiar na medicina brasileira, ainda que custasse a própria vida, do que se dar o privilégio ao tratamento da enfermidade do uso de medicina estrangeira. Este gesto demonstrou atribuição de valor àquilo que defendia um país melhor. Ao contrário do que muitos de nós intelectuais que pensamos a escola pública no Brasil e, ao mesmo tempo, poupamos os nossos filhos e filhas de estudarem nela? Precisamos refletir mais sobre isso, ou não?
O compromisso que devemos ter com a educação de nosso país é que, mesmo nesses momentos de crise da realidade e crise da racionalidade, peguemos as nossas malas, as nossas pesquisas, o nosso intelectualismo, o nosso sofrimento, a nossa amargura e os nossos kits militantes e agimo, pois o otimismo da vontade é a esperança em tempos de pessimismo da razão. Já dizia Marighella: a ação faz revolução.
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