Matheus da Cruz e Zica
No último artigo que publicamos na Série: Pensar a educação na China, Pensar o nosso Tempo, procuramos refletir sobre a conexão entre a emergência internacional chinesa no âmbito da economia e da educação. Há, entretanto, um terceiro elemento que deve ser levado em conta para a compreensão da educação na China atual: o papel importante que o estado tem no imaginário cultural específico daquela sociedade.
Os mesmos países que pressionam a China para que ofereça produtos sempre mais baratos, cobram do governo daquele país um incremento nas leis trabalhistas e nos direitos garantidos para os trabalhadores. Em sua resposta ao mundo, na Conferencia Mundial das Nações Unidas de 1993, é Confúcio quem aparece na fala dos governantes chineses, quando afirmam que a República Popular da China, em defesa das acusações feitas pelos Estados Unidos, teria a sua concepção própria de direitos humanos, qual seja, “socialista com características chinesas”. Essas concepções atenderiam às singularidades daquele contexto nacional e se basearia em antigas concepções confucianas de harmonia e humanidade. Parte-se do pressuposto de que noções de humanismo e liberdade sempre teriam feito parte da China, mas de forma introjetada, sem a necessidade do reforço no estabelecimento de leis.
Mero uso retórico de Confúcio ou afirmação cultural de um paradigma distinto de um modo de estar no mundo? Essa é uma das várias encruzilhadas pelas quais temos de nos haver no percurso de tentativa de compreensão da experiência chinesa ao longo de sua ampla história. Se a questão econômica permanece na pauta do dia para o governo chinês, o que salta à vista é a preocupação que o governo tem para consigo mesmo, no sentido de se manter forte e centralizador, como condutor da nação, em oposição à descentralização que trouxe o caos à China nos últimos dois séculos que nos antecedem.
As categorias socialismo e capitalismo são recentíssimas na história da humanidade. Têm no máximo trezentos anos. A concepção de Estado para os chineses, por outro lado, é muito mais antiga, conta com milênios de elaboração. Estruturados em narrativas de longa duração, os líderes do PCC, já há alguns anos, perceberam essa fragilidade histórica e parecem se orientar por noções muito singulares de sua própria cultura e de difícil compreensão para os ocidentais. Nesse sentido é emblemática a frase alegórica lançada por Deng Xiaoping, em 1961, que viria a ser uma marca do governo do PCC nas décadas posteriores: “não importa se o gato é branco ou preto, o gato bom é o que morde os ratos”. Sendo capitalista ou não, o Governo Central deveria estar mesmo preocupado é com a prosperidade dos chineses.
Com todas as implicações que essa metáfora da “mordida nos ratos” pode ter, a educação como vitrine para o mundo parece ter sido uma das “mordidas” escolhidas pelo governo chinês na projeção de sua imagem para o mundo. Uma “mordida” certeira parece ter ocorrido na edição de 2012 do PISA (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes), promovido pela OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), avaliação trianual com jovens de 15 anos mundo afora – ver artigos anteriores dessa série.
E assim tem seguido o “Partidão”. Entre Comunismo e Capitalismo o governo chinês escolheu o caminho do meio: ying e yang, isso e aquilo, ao invés de isso ou aquilo. Entre esses elementos conflituosos e móveis, o que parece permanecer é o antigo ideal de um império forte do reino do meio, que voltara a seus trilhos a partir de 1949 e que se encaminha para um futuro promissor. As consequências internas e externas desse avanço são impossíveis de serem previstas…
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