Editorial do Jornal Pensar a Educação em Pauta N°237
No entanto, infelizmente, elas não foram suficientes, ainda, para demover o Ministério da Educação a continuar com suas políticas de destruição da escola pública brasileira e, mais particularmente, da universidade e da pós-graduação. O corte de recursos das universidades e, em seguida, os cortes de bolsas na pós graduação são ações que visam aniquilar as instituições públicas e fazer cessar a pesquisa no país.
Interlocutores do Presidente da CAPES informam que ele não apenas reafirmou o corte de 70% das bolsas de Programas de Pós-Graduação com nota 3 e de 30% dos Programas de nota 4, mas como disse que tem a expectativa de que mais de 1200 cursos de mestrado serão descredenciados (fechados) no final do período avaliativo 2017-2020. Não bastasse isso, a CAPES suspendeu 80% dos periódicos assinados pela CAPES e que beneficiava toda a Pós-Graduação do país. Tais cortes atingem, portanto, a maioria dos Programas de Pós-Graduação brasileiros e, de forma contunde, impacta as regiões Norte e Nordeste do país, onde se situam a maior parte dos programas com menor avaliação.
Se somarmos todos estes cortes e a expectativa de fechamento de cursos à crença do Ministro da Educação de que o Brasil já tem doutor demais, veremos que o que está em curso é um ataque contundente ao patrimônio público e, mais do que isso, à existência de pesquisa científica no país.
O obscurantismo do governo Bolsonaro, que encontra eco e continuidade em vários de seus ministros, entre eles o da educação, custa muito caro ao Brasil. E não se trata apenas das vergonhosas declarações públicas do Presidente e de seus Ministros, muitas das quais, não fossem o pesadelo que representam, nos fariam rir. Trata-se de aniquilamento das possibilidades de formação de profissionais de alto nível e da pesquisa, ambas ações realizadas pelas universidades e de fundamental importância para o desenvolvimento do país.
O presente nefasto representado pelo governo Bolsonaro e suas políticas de morte foi posto em xeque nas manifestações desta semana. No entanto, o momento exige não apenas que o campo da educação se mobilize, mas que haja uma ampla frente democrática em defesa da escola pública, da educação infantil à pós-graduação. Passos nessa direção já foram dados no Congresso Nacional e em várias Assembleias Legislativas. Agora, é preciso que esse movimento se espraie pela sociedade civil e pelos diversos coletivos que lutam por um futuro menos tenebroso do que este que nos quer impor os bolsonaristas.