Quem foi Arnaldo Cardoso Rocha? 

Nox Rodrigues Silva
Larissa Almeida Braga

Há 59 anos, no dia 31 de março de 1964, dava início um dos períodos mais difíceis e sombrios da história brasileira, a Ditadura Civil-Militar. Essa época de ataque à democracia e à liberdade ficou conhecida por sua extrema violência, tortura e morte. Arnaldo Cardoso Rocha, antigo estudante do CEFET-MG, foi uma das vítimas dessa violência, tendo sido brutalmente assassinado em 1973, lutando contra o regime ditatorial.

Com isso, a fim de homenageá-lo e não deixar cair no esquecimento sua luta e coragem, no dia 31 de março de 2023, o grêmio estudantil do CEFET-MG Campus I realizou um memorial em homenagem a Arnaldo Cardoso Rocha. Contando com a presença de seus familiares e amigos, o evento apresentou um pouco de sua história para os estudantes do CEFET-MG. A mesa foi composta por: Dona Anette (mãe de Arnaldo), Maria Letícia (irmã de Arnaldo), Márcio Lacerda e Ricardo Apgaua (amigos de Arnaldo), Iara Xavier (companheira de Arnaldo), Bia Meiby (ex-presidente do grêmio do CEFET-BH) e Abraão Santana (ex-presidente do grêmio CEFET-BH).

Arnaldo estudou Mecânica no CEFET-MG, de quinta à oitava série. Com um jeito calmo e tranquilo, como conta sua irmã, Arnaldo cativava todos a sua volta. Durante sua luta contra a Ditadura, como não poderiam ter animais que fizessem barulho, Arnaldo e sua irmã tinham 2 tartarugas de estimação. Seus amigos contam que ele era um bom aluno e um amigo muito leal. Era determinado, corajoso, amante de cerveja e de música popular. Em outra fase de sua vida, gostava de dançar com sua companheira nos momentos de lazer.

Muitos alunos ficaram conhecendo mais sobre a história de Arnaldo através desse memorial, como é o caso das alunas Laís Nogueira e Ana Cândida, do ensino técnico do CEFET-MG. Ambas relataram conhecer Arnaldo apenas como o rosto-símbolo do grêmio e afirmaram que não tinham conhecimento de quem ele foi, tanto na vida pessoal como no seu engajamento político-estudantil.

Na época da ditadura, o CEFET-MG formava mão de obra intelectualizada, como conta o professor de história James Goodwin. Com isso, para que os trabalhadores formados não se voltassem contra o sistema imposto na época, houve muito autoritarismo e repressão por parte da Instituição. “Uma escola como o CEFET, que era um lugar para fazer a mão de obra existir, tinha que ser também um lugar para impedir que a consciência da mão de obra brotasse.”, expressa James Goodwin.

O CEFET-MG, na época, era então uma escola para formar mão de obra capacitada para trabalhar no “chão de fábrica”, não sendo reconhecido como um caminho para entrar em alguma faculdade, como afirma Ricardo, amigo de Arnaldo. Desse modo, a produção de conhecimento feita pelos alunos do CEFET-MG no período da Ditadura foi repreendida violentamente. James Goodwin afirma que: “O Estado estava financiando a formação da mão de obra, e o Estado não queria que essa mão de obra tenha consciência de classe. E esse impasse foi resolvido violentamente. Repressão, perseguição, silenciamento, não só de alunos, mas também de professores. Era um clima tenso.”

Essa iniciativa do grêmio estudantil do CEFET-BH é essencial para não deixar cair no esquecimento pessoas e momentos históricos importantes para nossa sociedade. James Goodwin afirma que os movimentos estudantis sempre foram muito necessários e que não se pode menosprezá-los. Expressa ainda que “é muito importante que o movimento estudantil atue hoje contra dois grandes discursos, duas grandes tendências da sociedade: a indiferença e o individualismo, porque ambos facilitam, por exemplo, a ascensão do neonazismo.” O professor de história reitera a importância do engajamento dos jovens em tais movimentos, pois estes são pautados pela empatia e solidariedade, contribuindo para a formação de jovens adultos e para a construção de uma sociedade melhor e mais justa.

 

Sobre o autor 
Nox Rodrigues Silva é nascido e criado na cidade de Belo Horizonte-MG, possui 17 anos, e é estudante do curso técnico de Hospedagem do CEFET-MG.

Larissa Almeida Braga é nascida e criada na cidade de Belo Horizonte-MG, possui 25 anos, e está cursando o 5° período do curso de Letras – Tecnologias de Edição do CEFET-MG.

Para saber mais 
Mais informações sobre Arnaldo Cardoso Rocha em:

Arnaldo Cardoso Rocha


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