As pedagogias da morte!

O campo da educação cultiva  um otimismo  sobre a condição humana que entende o inacabamento do sujeito como uma oportunidade de aperfeiçoamento constante, e para melhor. Essa aposta, ainda que fadada ao fracasso pelo seu excessivo otimismo, é um imperativo ético de quem deseja e/o tem a responsabilidade de educar. É isso que funda as pedagogias dos oprimidos, da indignação e da esperança, para ficar na mais famosa trilogia de Paulo Freire.

Essa perspectiva, no entanto, não pode nos cegar quanto ao fato de que a maldade e perversidade assumem forma de Governo e postulam a morte como horizonte de suas ações contra os outros humanos e as demais populações que habitam o planeta. Esse  é o momento que agora vivemos!

As pedagogias da morte lançam seus grilhões e suas armadilhas ao longo do caminho por onde são adotadas e a todos e a tudo submete. Elas são anti-pacifistas, anti-intelectualistas, autoritárias, demagógicas e primam pelo uso contínuo do ódio e da desesperança como fatores de mobilização dos corpos e das mentes daqueles que a ela se submetem e têm prazer em ceifar os melhores sonhos do presente e do futuro dos outros.

Seus pedagogos e pedagogas são obscurantistas e tristes, pessoas que cultivam o ódio, o rancor, o ressentimento e que escondem seus excessivos medos mais primários e infantis sob a capa da contínua ação violenta e beligerante. São, acima de tudo, perversas criaturas às quais a idade não veio acompanhada da maturidade, do entendimento, da empatia e da solidariedade com a vida dos demais seres que habitam nossos territórios.

As pedagogias da morte não são apenas retóricas, ainda que embalem seus ensinamentos nas mais refinadas tradições da transmissão e espetacularização do escárnio e  do desprezo com os dramas e com as dores dos outros. Elas são pródigas em organizar cortejos de moribundos e fúnebres celebrações da esperteza dos carrascos.

Nossos pedagogos e pedagogas da morte aprenderam com a história. Aprenderam a matar, a aniquilar e a produzir tristeza e destruição. Não satisfeitos em destruir os corpos que se amontoam pelos caminhos, combatem a esperança e a alegria, impõem o medo e cultivam o ódio, os outros nomes da morte.

É preciso palavrear essas pedagogias tanto quanto é preciso celebrar as potencialidades de vida que vêm das pedagogias ancestrais dos oprimidos, a força da indignação e a esperança fundada na alegria. Sabendo que as ameaças das pedagogias da morte sempre nos rondarão, é preciso dar-lhes o quinhão de importância no campo educacional e na política, e construir ações que  impeçam seus pedagogos e  suas pedagogas de tomarem  de assalto outra vez os destinos da  Res-pública.


Imagem de destaque: Jornal GGN

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