Divulgação Científica: a hora e a vez das Redes!

A divulgação científica tem ganhado cada vez mais importância nas universidades e institutos de pesquisa, os principais centros de produção científica do país. Premidos pela necessidade de defender suas próprias instituições, um número cada vez maior de cientistas e estudantes têm se ocupado da comunicação pública das ciências, mobilizados pela vontade política de contribuir para que a população tenha mais acesso aos distintos modos de fazer ciência e aos conhecimentos aí produzidos. De modo ainda a garantir seus postos de trabalho diante de governos que dilapidam as instituições científicas e que defendem abertamente o negacionismo. 

Tal movimento, muito salutar, infelizmente ainda encontra pouco apoio, quando não barreiras, em nossas instituições científicas e agências de apoio à pesquisa. Herdeiras de uma ciência encastelada e longe dos olhos do público não especializado, nossas instituições ainda encontram dificuldade para criar estruturas de comunicação que facilitem e valorizem a divulgação científica.

Ainda que tenha crescido, a divulgação científica e aquilo que chega até a população, no Brasil, está muito aquém daquilo que é produzido por nossas instituições. Isso coloca o desafio, por um lado, de sensibilizar e formar as(os) cientistas para a divulgação, criar estruturas de apoio à mesma e, sobretudo, criar redes e canais que permitam dialogar com um número cada vez maior de pessoas.

Felizmente, as facilidades trazidas pela internet têm possibilitado que um número cada vez maior de pesquisadores, de forma individual ou coletiva, venham a público expor as suas produções, dúvidas e inquietações para um público mais abrangente do que o habitual, ou seja, aquele de suas próprias áreas de conhecimento. No entanto, muitas dessas iniciativas padecem de um grande amadorismo e não resistem ao tempo e à falta de apoio. Além disso, nunca é demais lembrar que boa parte das plataformas que utilizam são privadas e, portanto, sujeitas às regras do mercado e aos interesses de lucro que o estruturam.

É por isso que, hoje, o maior desafio da divulgação científica não seja precisamente o da “produção” de conhecimentos relevantes e bem fundamentados, ainda que esta seja sempre uma necessária e prioritária. O grande gargalo de nossa divulgação está na inexistência de estruturas e redes de divulgação que permitam a distribuição dos  conhecimentos e informações e possibilitem que cheguem, assim, de forma sistemática à população. 

Sabemos que um dos grandes desafios do nosso tempo é o enfrentamento de uma vigorosa, profissionalizada e lucrativa máquina de produção e divulgação de mentiras em todos os campos da vida social. O negacionismo como política de Estado e como estratégia política do imperialismo capitalista é uma realidade nua e crua no nosso dia a dia. Produzir conhecimentos e informações bem fundamentadas é muito mais caro e demorado do que produzir fake news.  Também por essa razão precisamos nos atentar para o fato de que mais e mais temos que nos mobilizar para que aquilo que é arduamente produzido chegue à população, razão primeira e última da produção científica custeada com recursos públicos. Por isso, hoje, mais do que nunca, é a hora e a vez das Redes de Divulgação Científica.


Imagem de destaque: Galeria de Imagens

 

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