Uma trajetória constituída por mudanças internas e externas

Giuliana Marton Borsari 

Nasci em novembro de 2001, na grande São Paulo. Eu, Giuliana, sou gêmea, e toda minha história compartilho com minha irmã. Nascemos em um ano um pouco conturbado, afinal, foi neste dia, 11 de setembro, que ocorreu um gravíssimo atentado terrorista nos Estados Unidos, o qual chocou o mundo. Fomos criadas pela minha mãe e pela minha avó, pois meus pais se separaram logo após nosso nascimento. 

Em 2005 tive meu primeiro acesso formal à escola. Formal, pois morava ao lado dela, e, assim, minha irmã gêmea e eu sempre víamos as movimentações de várias crianças ao lado da porta de casa. Com isto, contávamos os dias para começar a frequentar a escola. No primeiro dia não choramos, muito pelo contrário, era a realização de um sonho. Tínhamos 4 anos e quem se encarregava de nos levar era a nossa avó materna, a mesma que nos ajudava a realizar as tarefas de casa: me lembro bem de um trabalho que até hoje está exposto nos armários da casa de meus avós, o qual contava sobre meus gostos e trajetória até ali. 

No decorrer do tempo, continuei estudando na mesma escola e sempre tivemos o privilégio de acesso a uma escola privada. Entre 2005 e 2013 minha irmã e eu frequentamos o Colégio Novo Tempo em São Paulo; neste lugar fiz amigos inesquecíveis e inseparáveis, e tive professores marcantes, os quais são minhas inspirações para seguir a carreira de professora. Neste ínterim, em 2011, minha avó materna, que me criou juntamente com minha mãe, passou por uma fase muito ruim em decorrência de um câncer na bile, infelizmente faleceu. 

No segundo semestre de 2013 minha trajetória mudou. Saí de uma cidade metropolitana, São Paulo, para morar na cidade de Itajaí, no litoral de Santa Catarina. Com as perdas na família e a troca repentina de cidade, deixando meus amigos, professores e até familiares para trás, a vinda para Santa Catarina não foi tão estimada.

Em 2017 comecei a cursar o Ensino Médio, também em escola privada. Então passei os anos de 2017 a 2019 frequentando o Colégio Energia, em Itajaí. Estes anos foram tensos na política brasileira, com a candidatura para a Presidência da República de Jair Bolsonaro e sua disputa em segundo turno com Fernando Haddad, fazendo com que o país se dividisse entre esquerda e direita, bons e maus, defensores da pátria e comunistas entre outros binômios. Diferente do que muitos pensam, mesmo sendo uma estudante de colégio particular, sempre pesquisei e fui contrária a pensamentos conservadores, que se assemelham aos ideais defendidos pelo presidente que foi o vencedor desta disputa política. 

Neste período eu caminhava até o colégio com a minha irmã todos os dias, e lá conheci minha namorada. Comecei a me questionar sobre meu futuro acadêmico. Meus pais sempre foram uma inspiração para mim em questão dos estudos, ambos estudaram na USP, e sentia necessidade de ser uma boa aluna e seguir o mesmo caminho que eles. Durante meus estudos, descobri minha aptidão para as matérias relacionadas à área de Ciências Humanas, com destaque para a Filosofia, a Sociologia, as Artes e o Inglês. 

Em 2020 fui aprovada para cursar Licenciatura em Pedagogia no Instituto Federal Catarinense, no Campus Camboriú, pelo Sistema de Seleção Unificada (SISU). Neste mesmo ano eu tinha voltado a morar em São Paulo e tive que decidir se continuava tentando passar na mesma faculdade que meus pais cursaram, ou se voltaria para Santa Catarina, desta vez sozinha. Decidi então segurar minha chance. Hoje curso Pedagogia no IFC e moro com a minha namorada em Balneário Camboriú. No entanto, com a pandemia causada pela COVID-19, passei por uma fase difícil em minha vida, na qual fiquei meses longe da minha mãe e irmã pela primeira vez. Além de conviver com aulas a distância, as quais foram decretadas em todo país para diminuir a contaminação e disseminação do vírus. 

Por fim, a escola sem dúvidas foi extremamente importante, não só para a minha escolha de curso, como também para as minhas relações interpessoais. A escola é o local onde eu pude, mesmo muito nova, conhecer amigos que até hoje estão presentes na minha vida, e no Ensino Médio, conhecer minha namorada, com quem compartilho meus dias atualmente. Além de, como foi escrito antes no texto, ter contato com professoras marcantes que foram importantes para minha escolha do curso. Durante o decorrer da minha vida, passei a ter uma certeza: queria trabalhar com crianças, assim como meus pais, conquistando minha vaga em um lugar que me proporcione estudo de qualidade e gratuito. 

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Este texto foi elaborado como atividade avaliativa da disciplina História da Educação, do curso de Licenciatura em Pedagogia do Instituto Federal Catarinense – campus Camboriú, ministrada pela Profa. Dra. Marilândes Mól Ribeiro de Melo.


Imagem de destaque: Unsplash

 

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