Um poema para Paulo: o mestre das cartas-asas

Bethania Medeiros Geremias

Não consigo mais acompanhar: as mortes, as lives, os eventos, as chamadas para artigos

Queria poder transformar: as mortes em metáforas para uma vida diferente; 

as lives em lifes (potência e essência); os eventos em acontecimentos sublimes; 

as chamadas em artigo para chamados para a vida plena.

Não consigo mais suportar: a dor, a fome, a miséria, a ignorância 

Queria simplesmente comemorar: a alegria de estarmos vivos; a abundância que a terra nos dá;

A riqueza espiritual e moral; a sabedoria, que vem da experiência e do respeito ao que os homens, 

em comunhão, produzem e partilham 

(saberes científicos, históricos, culturais, artísticos e ancestrais).

Queria ter mais tempo: para a life do que para as Lives; para plantar – esperar – colher; para amar e sorrir

Queria menos partidas e mais encontros. Que os amigos não deixassem de sonhar.

Que a esperança se transformasse em Esperançar. Que o verbo mais usado fosse o amar

E que as crianças pudessem ainda sonhar! Sonhar com um futuro digno. Sonhar com um mundo melhor.

Sonhar com uma educação de verdade. Que não lhes suprima a vontade.

Que não lhes tolha o desejo e nem a curiosidade

Queria menos egoísmo 

E um pouco mais de altruísmo 

Queria olhar mais para o céu 

E menos para o abismo

Um vir-a-ser permanente

De poder ser livremente

Mais humano e consciente.

 

1 – Professora da disciplina Educação e razões oprimidas da pós graduação em Educação da Universidade Federal de Viçosa.


Imagem de destaque: cedida pela autora. 

 

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