Herbert Glauco de Souza
Não poderíamos não mencionar na coluna desta semana a perda de um grande ator do cinema mundial – Robin Williams. Talvez não fosse um gênio, mas, sem dúvida foi um grande ator.
A polivalência de Williams era corroborada por suas atuações que iam da comédia ao drama, passando pelo suspense. Uma capacidade ímpar e aguçada de incorporar personagens.
Williams era mais que um ator, era um palhaço, e como todo bom palhaço, Robin não era uma figura cômica, mas principalmente sombria.
Sombria? Sim. O assombro vem da contradição existente e característica da figura de um bom palhaço – o sorriso no rosto. Um sorriso escancarado, mas ao mesmo tempo pálido e forçado, extravagante e por isso superficial.
Há na figura do palhaço uma contradição instalada e que ao mesmo tempo se esconde na figura grotesca e sátira. Um palhaço é um profissional do riso, um profissional que provoca ou deveria provocar alegria, mas muitas vezes por trás da profissão há uma melancolia, uma depressão e um riso satírico do próprio papel – esse riso sim verdadeiro.
Williams foi um grande ator, mas antes de tudo um palhaço como demonstrou sua vida.
E dos grandes papéis que representou no Cinema, em particular, gostaria de chamar a atenção para a figura do escritor de romances policiais Walter Finch no pouco badalado, mas brilhante Insônia (2002), dirigido por Christopher Nolan.
Williams faz uma figura sombria, melancólica e enigmática. A brilhante direção de fotografia em tons cinzentos intensifica a atmosfera já carregada pelo mistério em torno do assassinato de uma jovem fã de romances policiais e que era alucinada pela obra de Finch.
Dois investigadores de Los Angeles são deslocados pra cobrir o caso no Alasca e um deles vivido por Al Pacino se depara, além dos problemas do caso, com uma insônia devido ao fenômeno conhecido como sol da meia-noite.
O investigador não consegue dormir e a insônia o faz ter confusões mentais que irão prejudicá-lo na solução do caso. Para piorar a situação ainda mais, seu companheiro é assassinado numa tentativa de atrair o assassino da menina e a confusão mental de Pacino o leva a um estado de remorso psicótico misturado a uma culpa.
É uma trama bem tecida e instigante, na qual Williams brilhantemente faz uma figura sombria e pra variar cativante.