No último dia 06 de setembro a Rádio UFMG Educativa completou 10 anos! Em tão pouco tempo, a emissora, que é uma parceria entre a Universidade Federal de Minas Gerais e a Empresa Brasil de Comunicação (EBC), logrou conquistar uma posição de destaque dentre as congêneres de todo o Brasil. Sua equipe, formada por profissionais da área da comunicação e por alunos e professores de diversos departamentos da UFMG, mantém uma programação diferenciada e de altíssima qualidade que vai ao ar diariamente pela frequência 104,5FM em Belo Horizonte, Contagem e outras cidades da Grande BH. E pela internet, para todo o mundo!
A referência ao aniversário da Rádio UFMG Educativa, uma das primeiras parceiras do Pensar a Educação Pensar o Brasil – 1822/2022, é uma forma de retomarmos a necessária discussão sobre o lugar do rádio no universo cultural e educativo contemporâneo.
Não custa lembrar que o Rádio nasceu, no Brasil, há quase um século, justamente no momento em que se celebrava o centenário da Independência Brasileira. Organizado nesse contexto político, rapidamente o Rádio foi mobilizado como poderoso instrumento educativo-cultural, para o que contribuíram enormemente as ações da Academia Brasileira de Ciência e de Roquete Pinto no âmbito de um projeto cultural que passava fortemente pela divulgação das ciências entre os brasileiros.
Ao longo desses mais de 90 anos, o Rádio se constitui numa das mais poderosas agências educativo-culturais, ao se disseminar como produto e veículo econômico-cultural de distinção (ou de homogeneização) de comportamentos, gostos e sensibilidades em relação aos mais diversos assuntos. Apesar da concorrência do cinema, da televisão e, mais recentemente, das chamadas novas mídias, o Rádio se mantém como um dos principais veículos de comunicação e, portanto, de educação a que a população brasileira tem acesso.
O rádio é, obviamente, instrumento e, ao mesmo tempo, alvo das políticas de comunicação estabelecidas no país. Como tal, também é objeto das disputas na área. Nestas, os vencedores têm continuamente submetido o rádio, seja no conteúdo seja na forma, aos imperativos e racionalidades econômicas, culturais e políticas dominantes. Não é sem razão, portanto, que o dial de nossos aparelhos seja ocupado, cada vez mais, pela programação musical e religiosa, fenômeno que se soma ao controle cada vez maior das emissoras por grupos políticos, econômicos e religiosos cujos interesses quase nunca se coadunam com a ideia de que a comunicação é um bem público e de que o rádio é uma concessão do Estado brasileiro.
É, pois, nesse universo de disputas em torno da comunicação e, particularmente, de disputa pelos sentidos da educação e da cultura, que é preciso saudar a ação das rádios universitárias que, a exemplo da Rádio UFMG Educativa, se propõem a produzir uma programação que, sem abdicar do intenso diálogo com a contemporaneidade, não abrem mão de seu papel educativo e, portanto, de questionamento do mundo.
Ao trazer a universalidade da universidade para dentro do Rádio, as rádios universitárias podem, e devem, contribuir para o alargamento de nossas sensibilidades e gostos, e para o questionamento ininterrupto das barreiras interpostas à construção de um país mais democrático, igualitário e que respeite e valorize as nossas imensas diversidades.