Os modelos de escola do período imperial na cidade de Assú/Rn – Gilson Lopes da Silva

Os modelos de escola do período imperial na cidade de Assú/Rn

Gilson Lopes da Silva

Até as últimas décadas do século XIX e início do século XX, o Estado do Rio Grande do Norte vivia em um regime patriarcal, com um modelo econômico agrário, e vivenciava um lento processo de organização política e social. O cenário era marcado pelas intempéries climáticas que forçavam um êxodo do sertanejo para os grandes centros; as cidades viviam sob o domínio do regime monárquico, com poucos direitos, muitos deveres e sem grandes perspectivas ideológicas por parte de grande parcela da população. Nessa realidade inóspita, principalmente no interior do Estado, a instrução primária escolar realizava-se geralmente em âmbitos domésticos.

Assim como em outras regiões do país, até então as escolas funcionavam nas residências dos professores, ou mestre escola, e eram chamadas de cadeiras isoladas, escolas reunidas ou escolas de primeiras letras, modelos que configuravam a educação do período imperial.

A cidade de Assú, localizada a 210 quilômetros de Natal, capital do Rio Grande do Norte, seguindo essa realidade do estado e do país ainda não contava com um espaço institucional de ensino totalmente voltado para esse campo e uma grande parcela da população era de analfabetos.

A primeira cadeira primária foi implantada no município no ano de 1829 sob a iniciativa do senhor José Felix do Espírito Santo, que consequentemente também tornou-se o primeiro professor primário da história da cidade de Assú. Em 1834, a professora Maria Joaquina Ezequiel da Trindade instalou, em sua residência, a segunda escola primária e tornou-se a primeira mulher a lecionar na cidade.

Outros letrados que exerceram atividades educacionais primárias em Assú foram Manoel da Silva Ribeiro (1835), Francisca Germina das Chagas Cavalcante (1855), Manoel Maria da Apresentação e Raymundo Cândido Ribeiro (1858), Matheus da Rocha Bezerra (1862), Elias Antonio Ferreira Souto, Vicente Vieira de Melo e Manoel José Pereira Fagundes (1873), entre outros.

Uma das professoras assuenses de maior destaque durante o período imperial chamava-se D. Luíza de França das Chagas Cavalcante, que dava aulas particulares em sua casa e era responsável pela inclusão de homens e mulheres de uma condição social mais abastada no mundo das letras.

A cidade também contou nesse período com o funcionamento da Casa de Caridade, criada pelo Padre Ibiapina e dirigida pelas Irmãs da Caridade. Essa instituição acolhia e dava instrução às moças pobres e órfãs. No período em que estavam na Casa de Caridade, as jovens recebiam ensinamentos de primeiras letras, flores, labirintos e bordados. Esse modelo de educação tinha a preocupação de prepara-las para desempenhar funções próprias do lar, adquirindo habilidades características ao modelo de mulher, esposa e mãe, dado que depois que atingiam a idade de casar as acolhidas participavam de um processo de “arranjo” matrimonial com rapazes trabalhadores, honestos e cristãos. Essa instituição de apoio à população carente era mantida pela Confraria do Glorioso São João Batista à custa do seu patrimônio.

Outra professora que atuou no contexto educacional assuense foi D. Sinhazinha Wanderley. Ela manteve, a própria custa, o Externato São José, cujo funcionamento se dava na sala principal de sua casa, numa mesa grande com cadeiras ao redor que serviam de assento aos alunos e atendia tanto as crianças da elite quanto as mais pobres da cidade. Até as primeiras décadas do século XX esses eram os modelos de educação presentes na cidade de Assú, uma vez que não existia nenhuma instituição de caráter público.

Com a chegada do governo republicano na última década do século XIX, surge no país uma escola com traços marcantes de uma matriz urbana: os grupos escolares. Essas instituições educativas apresentavam um conjunto de inovações pedagógicas como o sistema de seriações, a utilização de recursos didáticos, a implantação do método intuitivo e a profissionalização dos profissionais de educação.  No processo de busca por uma nova identidade nacional e construção de um perfil de povo civilizado e letrado, a educação praticada nos grupos escolares assumiu lugar de destaque, tornando-se fundamental no processo de divulgação das propostas do ideário republicano.

Na cidade de Assú, a implantação dessa nova instituição educacional, que rompe com o modelo pedagógico presente no período imperial e simboliza o projeto de inovação pedagógica do governo republicano, ocorre no dia 07 de setembro de 1911 com a inauguração do Grupo Escolar Tenente Coronel José Correia.

https://zp-pdl.com/online-payday-loans-cash-advances.php https://zp-pdl.com/how-to-get-fast-payday-loan-online.php

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *