O feminismo é libertador!

Editorial do Jornal Pensar a Educação em Pauta nº 297

Quando um jogador de futebol condenado por abuso sexual/estupro vai à imprensa falar que “infelizmente o feminismo existe”, devíamos sair todas e todos às ruas com nossas bandeiras para reafirmar que “felizmente o feminismo existe” e mostrar quão importante são os movimentos feministas. Não podemos esquecer, nunca, que é devido às lutas das nossas ancestrais, às quais continuamos hoje,que as mulheres conquistaram direitos importantes, e não apenas para si.

Os primeiros movimentos feministas eram reivindicatórios do direito à educação e ao voto para as mulheres. O que as mulheres reivindicavam era ter os mesmos direitos de cidadãs como os homens, nem mais nem menos. A luta, naquele momento, era pelo acesso à escola e pelo voto universal; hoje, os movimentos feministas lutam para termos mais mulheres na política, contra as violências e por uma sociedade mais igualitária. Essa conquista nos coloca hoje como 51% do eleitorado brasileiro composto por mulheres. Porém, ainda não temos representatividade em cargos do Executivo e do Legislativo proporcionalmente ao número de eleitoras: menos de 15% dos cargos eletivos no Brasil são ocupados por mulheres. Em razão disso, ainda temos políticas ineficientes para atender as necessidades básicas das mulheres e de boa parte da população

Depois das lutas pela educação, que não cessou, e pelo sufrágio universal, vieram as lutas pela libertação sexual das mulheres e o direito de poderem escolher ser ou não mães. A pílula anticoncepcional e a Lei do Divórcio, que permitiu a dissolução da sociedade conjugal, deram um pouco mais de liberdade para as mulheres. Porém, os homens continuam legislando em causa própria. Embora tenhamos tido avanços importantes com as Leis Maria da Penha, que foi criada para coibir a violência doméstica contra as mulheres, e a Lei do Feminicídio, que prevê o homicídio praticado contra a mulher em decorrência do fato de ela ser mulher (misoginia e menosprezo pela condição feminina ou discriminação de gênero) como crime hediondo, ainda estamos muito longe de termos uma sociedade igualitária e sem machismo. A fala do jogador mal dizendo o feminismo e as reverberações do caso são exemplos de que muitas lutas ainda precisam ser travadas. A violência infelizmente é parte do cotidiano de muitas mulheres no Brasil e mundo afora.

Mas, se ainda tivermos dúvidas sobre a importância dos movimentos feministas é só adentrarmos uma escola. Depois de longas jornadas de luta, atualmente podemos ver meninas e mulheres nas escolas e universidades, sem ter que solicitar autorização para as autoridades. A educação é um dos espaços que as mulheres mais têm ocupado, tanto como alunas quanto como professoras. A educação infantil e os anos iniciais do Ensino Fundamental, por exemplo, são quase exclusividade das professoras. Hoje a maioria dos estudantes universitários também são mulheres que, apesar das dificuldades, conseguem ter carreiras mais diversificadas e fogem do destino de ser esposa, mãe e dona-de-casa como única alternativa de vida possível.

Muitas das conquistas societárias ao longo do século XX são resultado dos movimentos feministas e das pioneiras que não descansaram enquanto a sociedade não as aceitava. Infelizmente ainda hoje não se pode descansar e não podemos baixar a guarda, porque o machismo está à espreita. Ainda hoje se pode julgar mulheres pelos crimes cometidos pelos homens.

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O feminismo é libertador!

Quando um jogador de futebol condenado por abuso sexual/estupro vai à imprensa falar que “infelizmente o feminismo existe”, devíamos sair todas e todos às ruas com nossas bandeiras para reafirmar que “felizmente o feminismo existe” e mostrar quão importante são os movimentos feministas. Não podemos esquecer, nunca, que é devido às lutas das nossas ancestrais, às quais continuamos hoje,que as mulheres conquistaram direitos importantes, e não apenas para si.

Os primeiros movimentos feministas eram reivindicatórios do direito à educação e ao voto para as mulheres. O que as mulheres reivindicavam era ter os mesmos direitos de cidadãs como os homens, nem mais nem menos. A luta, naquele momento, era pelo acesso à escola e pelo voto universal; hoje, os movimentos feministas lutam para termos mais mulheres na política, contra as violências e por uma sociedade mais igualitária. Essa conquista nos coloca hoje como 51% do eleitorado brasileiro composto por mulheres. Porém, ainda não temos representatividade em cargos do Executivo e do Legislativo proporcionalmente ao número de eleitoras: menos de 15% dos cargos eletivos no Brasil são ocupados por mulheres. Em razão disso, ainda temos políticas ineficientes para atender as necessidades básicas das mulheres e de boa parte da população

Depois das lutas pela educação, que não cessou, e pelo sufrágio universal, vieram as lutas pela libertação sexual das mulheres e o direito de poderem escolher ser ou não mães. A pílula anticoncepcional e a Lei do Divórcio, que permitiu a dissolução da sociedade conjugal, deram um pouco mais de liberdade para as mulheres. Porém, os homens continuam legislando em causa própria. Embora tenhamos tido avanços importantes com as Leis Maria da Penha, que foi criada para coibir a violência doméstica contra as mulheres, e a Lei do Feminicídio, que prevê o homicídio praticado contra a mulher em decorrência do fato de ela ser mulher (misoginia e menosprezo pela condição feminina ou discriminação de gênero) como crime hediondo, ainda estamos muito longe de termos uma sociedade igualitária e sem machismo. A fala do jogador mal dizendo o feminismo e as reverberações do caso são exemplos de que muitas lutas ainda precisam ser travadas. A violência infelizmente é parte do cotidiano de muitas mulheres no Brasil e mundo afora.

Mas, se ainda tivermos dúvidas sobre a importância dos movimentos feministas é só adentrarmos uma escola. Depois de longas jornadas de luta, atualmente podemos ver meninas e mulheres nas escolas e universidades, sem ter que solicitar autorização para as autoridades. A educação é um dos espaços que as mulheres mais têm ocupado, tanto como alunas quanto como professoras. A educação infantil e os anos iniciais do Ensino Fundamental, por exemplo, são quase exclusividade das professoras. Hoje a maioria dos estudantes universitários também são mulheres que, apesar das dificuldades, conseguem ter carreiras mais diversificadas e fogem do destino de ser esposa, mãe e dona-de-casa como única alternativa de vida possível.

Muitas das conquistas societárias ao longo do século XX são resultado dos movimentos feministas e das pioneiras que não descansaram enquanto a sociedade não as aceitava. Infelizmente ainda hoje não se pode descansar e não podemos baixar a guarda, porque o machismo está à espreita. Ainda hoje se pode julgar mulheres pelos crimes cometidos pelos homens.


Imagem de destaque: 8M Brasil

 

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