Escolas de ranking e o limite dos alunos 

Stella Barbara

Na última semana me deparei atendendo duas mães preocupadas com o desempenho escolar de seus filhos. Ambas estavam preocupadas, aflitas e apesar de terem escolhido boas escolas para suas crianças sabiam que a cobrança estava além. No meio das falas soava-se o tom de meu filho, minha filha é capaz, mas perdeu-se o encanto, está desmotivado. Para lacrar as conversas, ambas finalizaram dizendo que a escola sugeriu uma investigação clínica, a fim de verificar a possibilidade desses alunos apresentarem laudos.

Nada contra os laudos, mas percebo que diante de situações assim sempre se procura uma justificativa clínica. Uma vez que essas escolas não toleram ter alunos “abaixo da régua” estabelecida, a régua do “alto desempenho”. 

Diante disso, senti o dilema de famílias preocupadas com o futuro dos  filhos, em dar a eles condições de disputarem com o mundo dos rankings e ao mesmo tempo aflitos em ver o sofrimento dos filhos em terem os seus limites cognitivos, emocionais e até mesmo físicos  sendo ignorados.  E neste relato nem estou falando de Fundamental 2 ou Ensino Médio, falo sobre Fundamental 1. Parece-me que o encanto só precisa acontecer na Educação Infantil e ao “colocar-se ” o pé no  ensino fundamental rasgam- se as cortinas da verdade. Conteúdos atropelados, alta demanda de tarefas, pressão sobre o processo de aprendizagem e várias etapas queimadas, negadas.  Etapas que serão cobradas pelo processo de formação humana e acadêmica, afinal, esses dois caminham juntos. No entanto, a preocupação dessas escolas está no ranking, em  ser destaque e ter o SEU nome e não o nome de seus alunos, nos primeiros lugares. Por trás de todo ensino e pressão existe um grande interesse comercial e os nossos alunos são parte dessa “venda” velada. Desse mercado que diz vender educação e ensino, enquanto antes de tudo vende destaque e a promessa de que todos que lá estudam ocuparão os primeiros lugares. 

Agora trago uma reflexão: Todos são iguais? Todos têm a mesma estrutura emocional e psíquica? O aprendizado para ser consolidado precisa ser significativo e ter significados, fazer sentido. Nem todos vão se adequar, nem todos vão atingir os mesmos níveis. E isso não tem nada haver com ser melhor ou pior, tem haver com perfil e respeito.

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