A cultura e identidade: Qual a importância dessas práticas dentro da escola?

Laís Melo

A cultura está entrelaçada com a formação das identidades sociais, afinal é por meio da educação formal e informal que se aprende sobre os signos das representações culturais e a formação identitária. Dessa forma, a escola é um dos espaços em que a cultura é aprendida, além de possuir o poder de valorizar ou estigmatizar determinadas formações culturais. Assim, a presença da cultura e identidade negra na escola é fundamental para garantir a sensação de representação/pertencimento àquele espaço.

Discutir a real importância da cultura e identidade negra na escola é resgatar a autoestima e criar novas perspectivas na forma do cidadão enxergar-se como igual aos demais. Dessa maneira, cria-se um âmbito escolar em que os professores atuem como agentes construtores e empoderadores das questões étnicas, no que diz respeito ao resgate da história e sua contribuição na formação do país e do cidadão.

A escola e identidade

Há faces da história brasileira que não são devidamente apresentadas para a população, especialmente em livros didáticos e também nas salas de aulas. A população negra, que por séculos foi subjugada pela colonização, sendo escravizada e desqualificada como etnia, nos dias atuais ainda é excluída por padrões exigidos pela sociedade.

No ambiente escolar público e privado dos ensinos fundamental e médio, nota-se a falta de compatibilidade que muitas vezes há do aluno, principalmente, de etnia negra à identificação de seus ancestrais, signos e referências. A parte da história negra que é contada, não relata sua essência, mas sim a visão do colonizador sobre os acontecimentos.

Porém, através das lutas do movimento negro ao longo do tempo, houve o aumento da valorização e reconhecimento da participação da cultura africana na construção da sociedade, fato que pode condicionar a ampliação dos horizontes dos alunos quanto à aceitação, reconhecimento e aprendizado.

Cultura e identidade negra na escola e suas referências históricas

A desvalorização na história das pessoas negras do Brasil na escola é constante – e suas referências históricas, na maioria dos casos, estão sempre subjugadas ou conformadas com a escravização.

A narração quase sempre é de como o povo negro foi raptado de suas terras e obrigado a trabalhar sob péssimas condições. No entanto, seu trabalho não é creditado, ainda atribui-se aos colonizadores os méritos da construção do país, evidenciando o estilo cultural e étnico europeu.

Contudo, a existência do racismo na escola já é algo reconhecido por uma ampla parte da sociedade, e a luta contra o racismo institucional é uma das principais bandeiras do movimento negro.

Mesmo com o advento da lei 10.639, de 09 de janeiro de 2003, que estabelece obrigatoriedade do ensino de história e cultura afro-brasileira, muitas escolas ainda não conseguiram implementá-la, esta situação pode ser lida como resultante de um racismo estrutural ainda existente na escola, ou a falta de suporte e formação dos professores para trabalhar com as temáticas exigidas na lei apresentada.

A busca para adentrar na realidade dos adolescentes que vivem em dilemas conflitantes em seu dia a dia, por causa da questão racial, é importante porque estes em muitos casos, não se identificam como negros(as), já que a beleza e cultura negra ainda é estereotipada e inferiorizada pelas demais.

A ideologia racista é algo que foi aprendido pela sociedade, por isso a circunstância de não se autodeclarar, ainda em vários casos. Adolescentes negros e negras ainda são vítimas de racismo, e isso se dá pela falta de explicação, compreensão e entendimento entre os adolescentes acerca de diversidades étnicas e culturais, pois isso a importância de abordá-los enquanto estes ainda estão em formação e aprendizado da sociedade e suas expressões.

A maneira como a história das pessoas negras é retratada no ambiente escolar, como o corpo e a estética são tratados e julgados, pode resultar na valorização da diferença, ou no contrário. Por isso a importância da cultura e identidade negra na escola, a fim de preparar jovens para uma sociedade multicultural e mais justa.


Imagem de destaque: Camila Souza/ GOVBA

 

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