Os melhores professores? As crianças

Paulo Henrique de Souza

Eu vivo em tempos sombrios.
Uma linguagem sem malícia é sinal de
estupidez,
uma testa sem rugas é sinal de indiferença.
Aquele que ainda ri é porque ainda não
recebeu a terrível notícia.

Bertolt Brecht

No Dia do Professor, vale refletir sobre quem realmente nos ensina as maiores lições de vida. Madre Teresa, em seu poema e em seu pensamento, nos apresenta uma profunda verdade: as crianças são nossas melhores mestras. Elas nos ensinam a simplicidade e as conveniências que, com o tempo, tendem a perder. 

Como professores, muitas vezes nos encontramos aprisionados em um saber pré-formatado, limitado por regras e padrões que nos afastam do encanto da descoberta. A maioria dos sistemas educacionais “uberizaram” o fazer pedagógico com apostilas que quase nunca são vencidas, devido a rotina da escola que vai além. Contudo, as crianças vivem a novidade do mundo a cada dia.

Enquanto nós, adultos, frequentemente nos apegamos ao passado ou nos preocupamos com o futuro, as crianças vivem o presente com intensidade. Elas observam, se maravilham e perdoam com rapidez os erros com elas cometidos (e são inúmeros, nessa sociedade líquida).

Na mentalidade das crianças um erro é logo deixado para trás, em favor do próximo instante de alegria ou de aprendizado. Da mesma forma, como educadores (professores e famílias), deveríamos abraçar essa leveza, esse perdão rápido, para nos dedicarmos com mais plenitude ao ato de ensinar e aprender. 

Em tempos de campanha política, o rancor, a frustração, e as dificuldades muitas vezes tentam  nos desencantar, mas as crianças nos mostram que é possível renascer a cada dia, criando magia no cotidiano, onde nós só enxergamos problemas.

Contemplar, cuidar e educar as crianças são oportunidades de transformar o mundo,  e também a nós, professores, afinal, elas se assemelham a faróis que iluminam o caminho. Elas não carregam o peso da balança acadêmica ou dos moldes impostos; em vez disso, criam, brincam e imaginam sem limites. E é nesse universo de imaginação, onde o bem vence o mal e onde as bolhas de sabão são a metáfora perfeita da vida efêmera, que encontramos a verdadeira pedagogia.

A correria da vida adulta, com suas expectativas e seus desafios, muitas vezes sufoca a voz das crianças, mas é necessário ouvi-las. Suas perguntas simples carregam a profundidade que muitas vezes esquecemos de buscar. 

No Dia dos Professores e Professoras, somos chamados/as a ser mais como as crianças que ensinamos: abertos, criativos e desarmados, diante da vida. Afinal, ensinar é um aprendizado eterno, e quem melhor para nos guiar nesse caminho do que aqueles que ainda sabem ver o mundo com olhos de encantamento?

Cada criança é uma oportunidade de crescer como educadores e seres humanos. Serem brincantes e “perguntastes”. É preciso amar e lutar pelo livre “criançar”. Afinal: A criança pergunta: 

–  O que é a vida?

O adolescente  pergunta: – O que vou fazer da vida?

O adulto pergunta:  – O que estou fazendo da minha vida?

O idoso pergunta: – O que fiz da minha vida?

O mais interessante é que a pergunta da criança permanece em todas as fases da nossa vida. 

Os grandes professores não dão respostas, mas fazem perguntas significativas. Feliz dia! Possivelmente, comemorar crianças e professores seja uma sincronicidade. 

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