Enfim, estamos chegando a 2022! Essa é uma expressão que tem sido ouvida aqui e acolá… E isso, por diversos motivos. O primeiro e, talvez, mais experiencial se refere ao fim de um dos anos mais terríveis de nossa história recente. Foi o ano em que tivemos que contabilizar as enormes perdas, de vida e de estruturas de manutenção da vida, devido às políticas de morte abraçadas pelo Governo Brasileiro. É como se somente o fato de chegarmos vivos ao final do ano de 2021 fosse uma grande vitória… E, no fundo, é mesmo!
Outro aspecto não menos relevante que nos impele a 2022 com tamanha força: a esperança de que ele seja um ano da derrota do bolsonarismo e o início da reconstrução do país. A esse respeito, nunca é demais lembrar que 2022 é ano de eleições para os Executivos e os Legislativos Federal e Estaduais. Será, sem dúvida, uma oportunidade para enviar essa turma para o lixo da história e para a prisão, de onde jamais deveriam ter saído.
Mas há, ainda, outro motivo a nos mobilizar para 2022: será o momento de discutirmos coletivamente os destinos do país na/a partir da comemoração da mais importante efeméride deste início de século: o Bicentenário da Independência.
Colocar em questão os sentidos de Brasil construídos e disputados ao longo de nossa história será, sem dúvida, ocasião de construção de projetos de Brasil que sejam mais democráticos, solidários, igualitários e acolhedores das diversidades que nos constituem.
Para nós do Programa “Pensar a Educação, Pensar o Brasil – 1822/2022” todas estas dimensões se entrelaçam e nos motivam a continuar atuando em várias frentes e atualizando as nossas melhores utopias. Como um dos primeiros projetos organizados no Brasil visando a mobilização das comunidades escolares e acadêmicas para a discussão coletiva sobre o Bicentenário da Independência, não imaginávamos, nem em nossos piores pesadelos, chegar a 2022 sendo governados por forças reacionárias e violentas como as que ocupam, hoje, o Executivo Federal.
É também por essas razões que, ao longo de todo o ano que ora termina, buscamos ampliar os limites do pensável, assim como buscamos imaginar novos mundos e caminhar em direção às nossas melhores utopias. Dentre as várias formas pelas quais fizemos isso foi a sistemática abordagem da trajetória e da obra de Paulo Freire, cujo centenário de nascimento comemoramos ao longo de todo o ano de 2021.
Adentraremos 2022 conscientes de nossas responsabilidades individuais e coletivas, pessoais e institucionais, para que juntes possamos inventar um novo país. No campo da educação e nas demais dimensões da vida nacional, é preciso dar um basta às necropolíticas em curso e aos milicianos que as organizam e lhe dão curso, inclusive, ceifando as vidas daqueles(as) que lhes põem resistência.
Vamos precisar de todo mundo, pra banir do mundo a opressão, já cantava o poeta. Hoje, mais do que nunca, é preciso fazer valer essa verdadeira convocatória que do passado nos chega para nos lembrar das nossas responsabilidades e compromissos democráticos, igualitários e solidários. Se assim for, terá valido a pena chegar até aqui, assim como será um grande estímulo para a continuidade de nossas ações.
Imagem de Destaque: Tayane Ferreira/Portal do Bicentenário