A fala de Paulo Freire no início de “Reverberações Freireanas” termina com uma pergunta: Será possível procurar sem esperança?
Ao me deparar com as imagens compartilhadas pelo filme, a possibilidade de busca por um futuro me pareceu, muitas vezes, impossível. O confronto com imagens que representam o Brasil presente e passado deixa pouco espaço para a utopia. Como procurar algo com a certeza de não encontrar?
O próprio exercício de investigação das imagens, porém, é um ato de esperança. Ao mergulhar nos arquivos e repositórios de imagens midiáticas, também nos deparamos com as possibilidades poéticas de apropriação da imagem. Talvez a nossa esperança esteja em remontar tudo isso. O exercício de fazer o movimento oposto, de voltar ao passado para criar o futuro. O edifício, antes implodido, se reconstrói na imagem. Basta alterar a ordem da ação. Novas conexões são geradas a partir de combinações diferentes das originais e com isso vislumbramos novas possibilidades de futuro.
Sabrina Tenório é professora do curso de Cinema e Audiovisual da UFMT e doutora em comunicação pela UFPE, com período sanduíche realizado na Universidade Livre de Berlim, com bolsa da Capes. A sua pesquisa tem como tema o uso de arquivos no documentário e no cinema experimental e resultou em oficinas, publicações, em um curta-metragem e um podcast. Trabalhou na produção e curadoria dos festivais FINCAR, Janela Internacional de Cinema do Recife, Curta Brasília e MOV – Festival Int. de Cinema de Pernambuco.
E-mail: sabrinateluna@gmail.com
Reverberações Freireanas é um filme para todos os espaços, mas especialmente para a sala de aula. Com tempo de exibição de 15 minutos, o curta foi pensado para caber em uma hora-aula.
Assista ao filme no YouTube ou baixe ele na íntegra para exibir como preferir.