Portal do Bicentenário: saiba como foi o lançamento do canal

Renata Kelly de Arruda*

No dia 15 de outubro, dia dos professores e das professoras, ocorreu o lançamento do Canal do YouTube do Portal do Bicentenário. A roda de conversa, transmitida ao vivo, teve a honra de receber a professora emérita da UFMG Nilma Lino Gomes. A discussão “Ser professora negra no Brasil: memória, história e desafios atuais” contou com a participação dos professores Cláudio Nunes (UESB/BA), Fabiana Garcia Munhoz (Educação Básica – Rio Claro/SP), Marcelo Silva (UESC/BA) e João Victor Oliveira (Educação Básica – SEE/MG), membros do Portal do Bicentenário.

O evento foi marcado por reflexões cruciais, como a construção de estratégias para que possamos superar o momento histórico-político atual, desconstruindo práticas autoritárias e conservadoras. Segundo a Profa. Nilma Lino, é urgente a retomada de nossa democracia, sendo essencial que a docência se conecte com a vida social e política, incentivando a formação de sujeitos inquietos e reflexivos. Para ela, é preciso que essas estratégias contem com a união, articulação, luta coletiva e conscientização do povo. Sobre ser professora negra, as reflexões revelaram a importância do rompimento com uma história marcada pela subjugação dos povos negros. Para Nilma, “É preciso romper com o racismo científico, com esse ciclo construído pelo racismo e ocupar espaços no mundo do saber e do conhecimento. E esse lugar não é só meu, eu represento uma ancestralidade”. Diante da pergunta sobre espaços de atuação e trajetória das professoras negras na atualidade, Nilma considera que o não saber, não levantar, não indagar, também se apresenta como uma expressão do racismo estrutural. Outro ponto levantado, refere-se a importância do mapeamento das práticas anti-racistas insurgentes dentro do espaço escolar. Sobre isto, a professora acredita que “Socializar experiências, criar redes de trocas, focar no sujeito e não apenas no currículo. O chão da escola muitas vezes fica distante da formação dos professores e professoras. Ele exige trabalhar dimensões éticas e políticas, envolve afetos, medo, violência. Envolve lugar, como mulher, jovem, negro, LGBTQIA+, etc”

Nilma concluiu sua participação com uma importante e forte reflexão sobre a(s) independência(s): “qual é o sentido da independência pros diferentes grupos que temos no país? Trabalhadores do campo, negros, mulheres, idosos, quilombolas, juventude. Que Brasil independente é esse? Conseguimos soltar as amarras da dependência que nos prendiam?”

O evento contou com a participação de grupos de pesquisa, pesquisadores, estudantes, professores, etc. de todo país, que puderam interagir através do chat e direcionando perguntas para convidada. A mesa redonda está disponível na íntegra no canal do Portal do Bicentenário.

* Doutora em educação. Email: renataunicamp@gmail.com

 

 

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