Viva‌ ‌o‌ ‌Projeto‌ ‌Rondon‌ ‌Minas!‌ ‌Viva‌ ‌a‌ ‌Extensão‌ ‌universitária‌ ‌brasileira!‌ ‌

Monica Abranches

No dia 11 de abril, o Projeto Rondon Minas completa os seus 16 anos como um movimento da sociedade civil. Desde o ano de sua extinção como um programa governamental do Ministério da Educação e Ministério da Defesa, em 1989, surgiram diversas iniciativas para continuidade da ação de extensão que tem por objetivo contribuir com a formação acadêmica dos alunos e o atendimento às demandas da sociedade brasileira. Desde 1990, foi criada a OSCIP Associação Nacional de Rondonistas, em Brasília, que incentivou a comunidade acadêmica de instituições de ensino superior públicas e privadas de cada Estado para a criação de sedes regionais que atendessem os seus territórios vulneráveis

O Instituto Rondon Minas é uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos que mobiliza as universidades mineiras públicas e privadas para a realização de Projetos nas periferias da região metropolitana de Belo Horizonte e nas cidades do interior do Estado com baixo índice de desenvolvimento humano.

O Instituto coordena as ações do Projeto Rondon Minas que, desde o ano de 2005, já atendeu cerca de 150 cidades no Estado de MG através da participação de 4 mil alunos nessa experiência de extensão A metodologia empregada nas ações se fundamenta nos eixos estruturantes do trabalho comunitário que orienta um trabalho voltado para o incentivo da cultural local, o desenvolvimento da comunidade a partir de um programa integrado e sustentável e a formação política da população. O trabalho é desenvolvido através de ações socioeducativas organizadas e desenvolvidas pelas equipes multidisciplinares de alunos que, nas férias escolares, visitam as comunidades durante um período de 15 a 20 dias.

Destacam-se os seguintes projetos realizados ao longo dos 16 anos: Projeto Rondon Turismo (2006-2007), Projeto Rondon Travessia (2008-2009), Projeto Rondon Resíduos (2010-2013), Projeto Rondon Direitos Humanos (2013-2016). No período de 2017 a 2019 foi desenvolvido o Projeto Rondon Educação para a Vida em homenagem aos 50 anos do projeto no Brasil onde foram atendidos 14 municípios do interior do Estado de MG.

Em 2019, o Instituto Rondon Minas iniciou um trabalho na capital Belo Horizonte, para realização de diagnóstico de 40 bairros da regional norte  e posterior execução de ações nas áreas de geração de renda, saúde, assistência social e meio ambiente. Desde 2020, a diretoria do Instituto tem realizado esforços para captação de recursos e o desenvolvimento de outros projetos voltados para a população carcerária, a população de comunidades tradicionais e a continuidade de ações nas cidades do interior com baixo índice de desenvolvimento. Afinal, em um contexto pós pandemia o Projeto Rondon vai contribuir muito para a reversão dos desafios sociais, políticos e econômicos de nossa sociedade.

Uma reflexão importante é sobre o lugar do Projeto Rondon na formação dos estudantes considerando que as ações desenvolvidas no projeto correspondem a práticas educativas e sociais típicas da extensão universitária. E essas práticas em interação com o ensino e a pesquisa promovem a formação dos universitários.

Portanto, através da extensão os alunos, ainda em fase de formação, terão a oportunidade de conhecer as realidades locais, regionais e nacionais da sociedade brasileira, principalmente aquelas onde a condição social é mais crítica. De outra forma, esse encontro poderá promover troca de saberes entre a comunidade acadêmicas e os diversos grupos sociais oriundos de territórios mais vulneráveis, seja nas periferias urbanas, comunidades no interior ou ribeirinhas.

Essa oportunidade de diálogo e de conhecimento promove uma transformação no processo pedagógico, pois coloca o aluno e o professor como sujeitos do ato de ensinar e de aprender. O aluno se torna protagonista do seu próprio aprendizado na medida que o encontro com a realidade o força a pensar sobre as situações encontradas e sobre as soluções que podem vir de sua área de formação. E nessa condição, o professor é o tutor do aluno no processo de imersão no conhecimento do real.

No enfrentamento de uma realidade complexa, o aluno também é obrigado a conhecer e absorver outras áreas de conhecimento além da sua formação e isso se dá através de contato com outros estudantes, outros professores e profissionais que se relacionarão nas comunidades extramuros da universidade. E o conhecimento dessas outras áreas também contemplam a dinâmica da Flexibilização Curricular tão desejada na trajetória universitária. Assim, pode-se dizer que a extensão enriquece, sobremaneira, a formação acadêmica dos alunos.

Em Minas Gerais, a comemoração dos 16 anos do Instituto Rondon Minas reforça a missão do Projeto que é promover a imersão dos estudantes universitários na vida de comunidades vulneráveis no interior do país, ao mesmo tempo que convoca os universitários (professores e alunos) a pensar nos problemas sociais do país e nas suas soluções. Cada curso de graduação e pós-graduação, com as suas especificidades, tem uma vocação extensionista para contribuir com a transformação de nossa sociedade. Vida longa ao Projeto Rondon em Minas Gerais e em todo o Brasil.

 

Para saber mais: 

Brasil, Fórum de Pró-reitores das Universidades Públicas. Política Nacional de Extensão universitária, 2012.

DIKMAN, Ivanio; FABBRI, João Conrado. Impacto Social: boas práticas inspiradoras para o terceiro setor. São Paulo: Diálogo Freiriano, 2019.

GADOTTI, Moacir; GUTIÉRREZ, Francisco (Orgs.). Educação comunitária e economia popular. São Paulo: Cortez, 1993.

GOHN, Maria da Glória. Participação e gestão popular na cidade. Revista Serviço Social e Sociedade. São Paulo: Cortez; nº 26, 1988.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *