Retorno presencial das aulas: Escola Pública x Privada

Marcus Periks Barbosa Krause

Muito se discute sobre o retorno presencial das aulas no Brasil, de um lado existem aqueles que são favoráveis ao retorno das aulas presenciais, do outro também existem os que optam por manter seus filhos estudando remotamente, até que se chegue a uma situação total de controle da pandemia. 

A maioria das escolas da rede privada já retomou com as aulas presenciais, quanto à rede pública, em alguns estados do país, esse retorno já vem ocorrendo gradativamente, em muitas delas com adoção do modelo híbrido, que inclui o presencial e o remoto. 

A suspensão das aulas presenciais em muitas escolas da rede privada acumulou sérios problemas gerenciais e financeiros, fator que resultou na falência de muitas. A Federação Nacional de Escolas Particulares (FENEP) estima que 80% das escolas particulares correm risco de falência, em razão da suspensão das aulas presenciais.

Para o retorno das aulas presenciais e, consequentemente, a garantia de sua “sobrevivência”, muitas escolas particulares tiveram que investir parte de seus lucros na adoção de medidas necessárias para um retorno seguro, de modo a transmitir maior segurança aos pais e responsáveis pelos alunos. Em muitos fatores, as escolas privadas levam vantagem na garantia de um retorno seguro na adoção das medidas de biossegurança, fatores como a quantidade de alunos por turma, estruturas físicas mais adequadas e arejadas, maior investimento para aquisição de equipamentos e produtos necessários para garantir a higienização devida e muitos outros. 

A adoção de protocolos sanitários exigidos pelos órgãos competentes são fundamentais para garantir maior confiabilidade aos pais de alunos, contudo são necessários investimentos para mantê-los em execução, investimentos não apenas na aquisição de produtos e equipamentos, mas na contratação de pessoal. Percebe-se que a maioria das escolas da rede privada vem adotando com rigor os protocolos sanitários, uma vez que essas escolas, sofreram grandes impactos financeiros, durante o ano letivo de 2020 e, temendo novas consequências, traçaram planos e metas mais rigorosas para garantir o retorno de suas atividades presenciais para o ano letivo de 2021, passando, inclusive, às autoridades competentes e fiscalizadoras maior segurança.   

No que tange à rede pública de ensino, com relação à educação básica, seja ela de responsabilidade da rede estadual ou municipal, nem todas as redes conseguem passar a mesma confiança tal qual a rede privada, isso porque, sob o aspecto administrativo escolar, no contexto geral, muitas redes de ensino deixam a desejar, fazendo com que os pais de alunos e responsáveis, na rede pública, não tenham a mesma sensação de segurança quanto ao retorno presencial.  

De forma nenhuma estamos generalizando a questão, pois existem muitas redes públicas cujos gestores têm demonstrado habilidade no trato à gestão pública escolar, porém pelo mau exemplo de muitos gestores e diante de dados estatísticos sobre gestão pública, corrupção, violência no ambiente escolar, baixos rendimentos constantes, perceptíveis pelos exames nacionais aplicados no país, dentre muitos outros fatores, a segurança que se passa é muito abaixo do que se espera, deixando muitos pais e responsáveis apreensivos quanto aos retornos presenciais.  

A questão que muitos colocam na balança é: Se os gestores públicos, (repito, não generalizando) não investem a contento na melhoria das estruturas dos prédios escolares, não fazem investimentos necessários para modernizar as escolas e não adotam medidas administrativas para reverter essa triste realidade da educação pública no país, irão conseguir adotar e manter rigorosamente os protocolos sanitários, que demandam maior investimento financeiro e de pessoal? A triste realidade de muitas escolas públicas no Brasil, que facilmente se observa, é a de sucateamento e má gestão pública, e não é difícil encontrar escolas sem suprimentos básicos como tinta para impressão de documentos oficiais, papel higiênico e lâmpadas, razão pela qual muitas críticas e questionamentos surgem, quando o assunto é retorno presencial seguro. 


Imagem de destaque: Eric and Mary EllenFlickr

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