Em defesa da vida!

Editorial do número 336 do Jornal Pensar a Educação em Pauta

Ao longo de toda a sua vida pública, Bolsonaro sempre utilizou a política institucional como um mecanismo para  atingir interesses privados dele, de sua família e dos grupos milicianos que o apoiavam. Uma vez descortinada a possibilidade de ocupar a Presidência da República com o apoio do empresariado nacional, de grupos religiosos e dos milicianos de sempre, Bolsonaro não se fez de rogado e reafirmou continuamente os mesmos propósitos que o animaram a entrar no parlamento: o combate à  democracia e  ao Estado de Direito democrático, as políticas públicas, os direitos sociais etc.

Não foi por acaso, portanto, que ele anunciou, ao longo da campanha e de seu governo, que não interessava CONSTRUIR e sim DESTRUIR tudo que fosse contrário aos seus interesses mais mesquinhos e dos grandes interesses dos grupos que o apoiaram e continuam apoiando, apesar das mais de 600 mil mortes. E assim tem feito em todas as áreas e, inclusive, na destruição do Estado como instituição republicana.

Se em algumas áreas e política públicas, como educação e saúde, além das proteções constitucionais há grande número de pessoas mobilizadas em suas defesas, sobretudo os(as) próprias profissionais públicos que nelas atuam, o que tem freado um pouco o ímpeto destrutivo do governo federal e de muitos estados e município, na maioria das áreas em que a atuação do Estado Nacional beneficiaria a população mais pobre o ímpeto destrutivo bolsonarista tem resultado quase em “terra arrasada”.

Engana-se, pois, quem imagina que o processo de destruição do Estado, das políticas públicas, dos direitos, da democracia e das condições de vida digna para a população trabalhadora é fruto da incompetência de Bolsonaro e dos gestores da República em seus três níveis de governo. Ainda que a incompetência grasse entre eles e elas, o dá direção ao projeto destrutivo é uma inteligência criminosa altamente sofisticada. A criminalidade que se esconde sob o aparente nonsense bolsonarista não apenas é sofisticada, mas é cientificamente embasada e sustentada.

Nesta perspectiva, não é que o núcleo de poder bolsonarista não valorize o  Sistema Nacional de Educação, o Sistema Nacional de Pós Graduação e o Sistema Nacional de Ciência e Tecnologia, para ficarmos apenas em três exemplos.  O que ele não valoriza é muito mais fundante do que isto: o que não tem valor para ele é a vida, pura e simplesmente. E não se trata de matar ou deixar morrer apenas os mais pobres, os que nunca foram incluídos ao longo de nossa história e quantos mais foram excluídos ao longo dos últimos anos. Trata-se de matar ou deixar morrer todes aqueles(as) e tudo aquilo que contraria os interesses do núcleo de poder bolsonarista. Se se trata de árvores, rios, peixes ou pessoas, pouco importa.

Diante disso, mais do que nunca é preciso a articulação das forças comprometidas com a vida em todos os seus quadrantes, e não apenas com as vidas humanas, para que consigamos derrotar as forças da morte. Uma posição dúbia sobre isso, por interesses eleitorais e/ou partidários, por mais que estes sejam relevantes, será uma falta que passará para a história como uma ausência de compromisso com a vida. Estarão nossas lideranças políticas, no sentido amplo do termo, à altura dos desafios postos pelo momento histórico que vivemos? A dificuldade de responder afirmativamente a esta questão já é, ela também, sintoma do descalabro em que estamos vivendo.


Imagem de Destaque: Senado Federal/Flickr

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Em defesa da vida!

Ao longo de toda a sua vida pública, Bolsonaro sempre utilizou a política institucional como um mecanismo para  atingir interesses privados dele, de sua família e dos grupos milicianos que o apoiavam. Uma vez descortinada a possibilidade de ocupar a Presidência da República com o apoio do empresariado nacional, de grupos religiosos e dos milicianos de sempre, Bolsonaro não se fez de rogado e reafirmou continuamente os mesmos propósitos que o animaram a entrar no parlamento: o combate à  democracia e  ao Estado de Direito democrático, as políticas públicas, os direitos sociais etc.

Não foi por acaso, portanto, que ele anunciou, ao longo da campanha e de seu governo, que não interessava CONSTRUIR e sim DESTRUIR tudo que fosse contrário aos seus interesses mais mesquinhos e dos grandes interesses dos grupos que o apoiaram e continuam apoiando, apesar das mais de 600 mil mortes. E assim tem feito em todas as áreas e, inclusive, na destruição do Estado como instituição republicana.

Se em algumas áreas e política públicas, como educação e saúde, além das proteções constitucionais há grande número de pessoas mobilizadas em suas defesas, sobretudo os(as) próprias profissionais públicos que nelas atuam, o que tem freado um pouco o ímpeto destrutivo do governo federal e de muitos estados e município, na maioria das áreas em que a atuação do Estado Nacional beneficiaria a população mais pobre o ímpeto destrutivo bolsonarista tem resultado quase em “terra arrasada”. 

Engana-se, pois, quem imagina que o processo de destruição do Estado, das políticas públicas, dos direitos, da democracia e das condições de vida digna para a população trabalhadora é fruto da incompetência de Bolsonaro e dos gestores da República em seus três níveis de governo. Ainda que a incompetência grasse entre eles e elas, o dá direção ao projeto destrutivo é uma inteligência criminosa altamente sofisticada. A criminalidade que se esconde sob o aparente nonsense bolsonarista não apenas é sofisticada, mas é cientificamente embasada e sustentada.

Nesta perspectiva, não é que o núcleo de poder bolsonarista não valorize o  Sistema Nacional de Educação, o Sistema Nacional de Pós Graduação e o Sistema Nacional de Ciência e Tecnologia, para ficarmos apenas em três exemplos.  O que ele não valoriza é muito mais fundante do que isto: o que não tem valor para ele é a vida, pura e simplesmente. E não se trata de matar ou deixar morrer apenas os mais pobres, os que nunca foram incluídos ao longo de nossa história e quantos mais foram excluídos ao longo dos últimos anos. Trata-se de matar ou deixar morrer todes aqueles(as) e tudo aquilo que contraria os interesses do núcleo de poder bolsonarista. Se se trata de árvores, rios, peixes ou pessoas, pouco importa.

Diante disso, mais do que nunca é preciso a articulação das forças comprometidas com a vida em todos os seus quadrantes, e não apenas com as vidas humanas, para que consigamos derrotar as forças da morte. Uma posição dúbia sobre isso, por interesses eleitorais e/ou partidários, por mais que estes sejam relevantes, será uma falta que passará para a história como uma ausência de compromisso com a vida. Estarão nossas lideranças políticas, no sentido amplo do termo, à altura dos desafios postos pelo momento histórico que vivemos? A dificuldade de responder afirmativamente a esta questão já é, ela também, sintoma do descalabro em que estamos vivendo.


Imagem de Destaque: Senado Federal/Flickr

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