É hora de virar o jogo. Nos territórios

Carlos Henrique Tretel

“… Eu moro neste território, bairro São Benedito, tem 46 anos… É uma vergonha … não temos uma escola digna… o nosso país é tão rico… por que não tem escola? Por que que tem tanta criança entrando no tráfico? Tem criança de 8 anos, de 9 anos e já portando armas, não aguenta nem carregar mas estão ali prá ganhar… prá sobreviver, prá levar para casa… Tanto dinheiro em caixa, prá onde vai? Porque os nossos bairros, as nossas periferias, elas vive no meio da fome, da prostituição a troco de muito pouco e muita morte… Por que o nosso país está assim? Prá onde vai o nosso dinheiro? … É doloroso, é muito triste a gente ver isso, né?, de pessoas com a casa cheia de crianças, de adolescentes sem trabalho, pessoas que lutaram prá estudar, tem estudo mas não tem trabalho… É doloroso a gente ver tantas crianças perdidas como tem nos nossos bairros. Aquelas crianças bonitas, aquelas crianças que poderiam estar na escola…” (Dona Idalgiza, em A Dívida Pública e a Dura Realidade das Periferias)
“…eu trabalho aqui com o padre Kelder… nós estamos lutando por um mundo melhor, por um Brasil melhor… tenho quase 52 anos no Jaburu, fui nascida e criada ali naquele bairro por minha mãe, meu pai que hoje não se encontra mais aqui…Perdi um filho com 22 anos (para o tráfico) …E hoje, como eu sou evangélica, vivo o evangelho, eu abraço, eu beijo, eu luto para tentar tirar (do tráfico) eles, crianças menores do nosso morro que eu vi nascer, crescer… muitos já morreram… muito jovens… e a gente fica perguntando por quê?…Então hoje nós temos que lutar mesmo pela nossa comunidade, periferia… É tão bonito olhar o morro, quando a gente olha prá cá do morro, São Benedito, aí quando a gente olha prá lá é bairro nobre… sei como é que é… somos tratatos como periferia… Por que não me deram (no bairro nobre) emprego? No último emprego … falaram que eu não podia ficar lá porque eu era mãe de menino da vida errada (ele já tinha morrido) e que eu morava no morro. O que é que o morro tem a ver?” (Dona Dilma, em A Dívida Pública e a Dura Realidade das Periferias)

Com a live sobre A DÍVIDA PÚBLICA E A DURA REALIDADE DAS PERIFERIAS, a Auditoria Cidadã da Dívida (ACD) inicia um novo momento da campanha É Hora de Virar o Jogo, o de dar voz aos verdadeiros credores da dívida pública, o povo que “veve” nos territórios. Se a última tentativa para a realização de auditoria da dívida, com participação popular, valeu-se da estratégia de trazer para a campanha de então lideranças políticas, os de cima, a agora iniciada é sabiamente, por não insistir no erro, trazer as lideranças populares, os de baixo, para as rodas de conversa, multiplicando-as ao redor dos núcleos da Auditoria Cidadã da Dívida (ACD) existentes em cada estado da federação.Pensar globalmente e agir localmente, retomando o passo com os de baixo. Não há motivo para esperarmos nada dos de cima. Indiferença somente.

A que devemos debitar as oportunidades perdidas por candidatos da dita esquerda no primeiro debate entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo? À indiferença/despreparo dos candidatos ou à inadequação/inutilidade do formato fast food oferecido pela Band? Saltaram aos olhos, de todo modo, as oportunidades perdidas por Boulos (por volta de 1 hora e 35 minutos da gravação) e Orlando Silva (1 hora e 58 minutos) quando, ao criticarem a proposta do candidato Russomano de levar a Bolsonaro pedido para a diminuição dos juros cobrados sobre a dívida pública paulistana, se abstiveram/esqueceram de propôr, ao invés da matreira renegociação, auditoria. Afinal, renegociar nada mais é que atestar que se deve. Boulos chegou até a nos dar esperança da resposta de que precisamos ao dizer que SP precisa de alguém com coragem para enfrentar os esquemas de corrupção etc e tal. Mas faltou-lhe coragem ao final. Ou tempo para bem se colocar? O mesmo aconteceu com Orlando Silva. Sobre Jilmar Tato deixo me manifestar em razão de não ter tido ele a oportunidade de participar da discussão (se assim a podemos chamar ) sobre a dívida pública paulistana.

A Carta da Campanha está chegando, no entanto, aos candidatos. Assim, melhores debates esperemos à frente, car@ leitor@. Oxalá com formato adequado porque esses de perguntas e respostas relâmpago pouco elucidam. Prova disso é que Boulos, por exemplo, tendo melhor oportunidade para elaborar o pensar, se não falou tudo (rasgando o verbo, pagar nada) explicou ao menos como combaterá, se eleito, aqueles esquemas a que se referiu em sua altercação com Russomano. Propôs para enfrentá-los algo de que precisamos ao lado de auditoria da dívida pública: Orçamento Participativo (OP).

Manuela D’Ávila propôs OP em 2018. Não prosperou. A luta, entretanto, continua, companheir@s. Não apenas por mais recursos, via auditoria da dívida, mas por deixá-los aos cuidados das donas Dilma e Idalgiza, via OP. Iluminados tod@s pela economia de Francisco e Clara desconstruíremos o cenário de crise. Nos territórios.


Imagem de destaque: Josh Appel / Unsplash

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