Articulações discursivas na produção da política curricular para formação de professores no Amazonas: recontextualização e significações

Neylanne Aracelli de Almeida Pimenta

Pensar a formação docente, com recorte, hoje, na Base Nacional Comum de Professores da Educação Básica, implica discutir os sentidos da educação e das políticas educacionais. Vale o esforço de observar as articulações discursivas na política curricular para formação de professores no Amazonas, resultantes de recontextualizações e significações. Propomos por orientação teórico-metodológica a abordagem do ciclo contínuo de políticas, proposta por Stephen Ball e colaboradores, aliado à abordagem discursiva de orientação pós-estrutural. 

O que esta abordagem significa? Trata de compreender o currículo definido como política discursiva e de produção de sentidos, por meio do que são analisados os sentidos acessados nos textos políticos, resultantes da produção em diferentes contextos. 

Assim sendo, estamos voltadados às articulações discursivas nos textos políticos que orientaram reformas na formação do professor nos períodos de 2001/2002, 2015 e 2019, assim como no contexto da prática da produção curricular em uma IES pública do Estado do Amazonas, para identificação dos sentidos da produção do currículo da formação do professor. 

No estudo destes contextos, destaco as articulações políticas que marcaram as políticas definidas para a formação do professor, pela atuação de sujeitos, comunidades de conhecimento, os quais, ao disputarem sentidos para o currículo ao longo dos últimos 12 a 13 anos, influenciaram, via discursos, a definição destas políticas. 

Para este estudo selecionei textos oficiais produzidos no Brasil pelo CNE/MEC, para orientar as referidas políticas, assim como os textos produzidos no contexto da prática de uma IES pública que oferta o curso de Pedagogia nos municípios de Manaus e Parintins, no Estado do Amazonas. 

Argumento que os contextos de definição de políticas de currículos para formação de professores no Amazonas, revelam significações que orientam a produção de propostas para o curso de Pedagogia da Universidade do Estado, como parte do processo de negociação de sentidos entre sujeitos/comunidades de conhecimento e contextos. 

Neste processo de significação estão implícitas ideias de currículo como identidade local ou como identidade regional (de estado), considerando, ou não, as vozes dos sujeitos que atuam no contexto da prática. 

Inicio o estudo analisando o ciclo de políticas, definido por Stephen Ball e colaboradores em Ball (1994), Ball et al (2016), Bowe, Ball e Gold (2017), a partir do qual reflito a produção curricular em diferentes arenas. A partir desta análise, caracterizo a política educacional no âmbito do governo (Estado), a globalização e seus efeitos na política educativa. 

A pesquisa também adentra na discussão do contexto da formação de professores na IES pública investigada, para cuja compreensão, contextualizo o Estado do Amazonas, sua inserção na Amazônia, os significantes da produção curricular no Estado e apresento a IES investigada quanto à sua organização e oferta do Curso de Pedagogia, buscando compreender os significados nesta forma de organização, a partir da pesquisa em documentos normativos locais. 

Na continuidade, retomo a discussão quanto a recontextualização curricular, ampliando-a para o contexto da prática das IES pública pesquisada, procurando mapear e analisar os sentidos atribuídos pelos discursos acessados nos textos políticos da formação do professor, o que se aprofunda pela interpretação dos sentidos presentes nos textos políticos institucionais, com vistas a compreender a existência ou não de um currículo que atenda a características e necessidades formativas de um Estado ou Município. 

Deste modo, a investigação prioriza discursos resultantes da busca por significação de sentidos, pelos diferentes grupos envolvidos na produção curricular oficial, com destaque a formação do professor, currículo e regionalização, enquanto núcleo formador com centralidade na prática, assim como os discursos identificados nos projetos pedagógicos de curso e as disputas para hegemonizar propostas curriculares negociadas nos diversos contextos.

 

1 – Professora do Curso de Pedagogia da Universidade do Estado do Amazonas (UEA). Doutoranda em Educação na linha de pesquisa Currículo: sujeitos, conhecimento e cultura, do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ.

Fonte: Ministério da Educação – MEC.


Imagem de destaque:  Pixabay

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