Admirável Mundo Novo: um olhar sociofilosófico

João Tadeu Cabral Teixeira¹

Aldous Huxley, escritor inglês falecido no ano de 1963, trouxe, na obra Admirável Mundo Novo, uma visão “nova” a respeito da sociedade futura. Contudo, Huxley representou essa visão de um modo peculiar, abrangendo em grande parte, conceitos sobre a moral, o bem, o mal, o poder, o perfeito, o imperfeito, o estado distópico e o estado utópico. Nesse sentido, faremos uma análise baseada em conceitos sociológicos e filosóficos, pautados na filosofia moralista; nos conceitos marxistas; e no conceito maquiavélico de governo. 

De antemão, analisemos que a obra é recheada de citações de Shakespeare, dramaturgo conhecido pela criação de comédias e tragédias. Bem como Shakespeare, Huxley encheu sua obra de descrições de sentimentos como a aflição, o amor, o ódio, a raiva, a tristeza, a morte, bem como a própria indiferença perante determinadas situações e também a incapacidade individual de sentir esses sentimentos mencionados.

Na obra, percebemos grandes indícios da filosofia moralista de Nietzsche, sobre o conceito do bom e do mal. De modo específico, aqueles que conseguem ser controlados e influenciados pela “fordeza” são considerados bons, enquanto os que são incontroláveis pela “fordeza” são maus. Percebemos que Nietzsche, em “Genealogia da Moral”, traz à tona que a nobreza, classe dominante, considera as classes inferiores e contrárias à sua como classes pertinentes aos maus conceitos. Logo, seus seguidores seriam pessoas más. Do mesmo modo, Huxley faz essa representação através da divisão de castas e mundo civilizado, caracterizando Betas, Alfas e Gamas. Assim, o mundo civilizado seria o mundo que segue os bons ideais, com uma boa organização social, com uma sociedade totalmente controlada, enquanto o mundo selvagem é considerado um mundo vulgar, onde os indivíduos não podem ser controlados. 

Essa divisão de castas, mediada pelo “governo de Ford”, nos remete à teoria Marxista de Consciência de classe, que, de modo geral, aborda a divisão dos indivíduos em classes sociais, o que veio por recorrência do capitalismo. Assim, o “governo de Ford” seria como o modo capitalista de governo, que aliena o indivíduo. Ainda, no âmbito do pensamento capitalista, vale ressaltar que, em muitos trechos da obra, há a exposição da luxúria, do poder, do dinheiro, da posse e da posição social. Nesse sentido, percebemos que o “Admirável Mundo Novo”, dentre todas as suas características, é, sobretudo, uma crítica ao mundo capitalista. 

No governo de Ford, citado no livro, a “extrema fordeza”, que ocupa um cargo similar ao de um presidente, e, em todos momentos, usa um discurso totalitarista e se porta como um indivíduo do poder supremo. Isso remete ao pensamento maquiavélico, no qual Maquiavel, na obra “O Príncipe”, traz conceitos governamentais que, em tese, conduz um governo pelo medo, não pelo respeito. 

 

1João Tadeu Cabral Teixeira é estudante da rede CEFET-MG, Campus IX. Atualmente, cursa técnico em nível médio integrado em mecatrônica. É apaixonado pelas artes, cultura, literatura, filosofia, sociologia e cinema. E-mail: tadeujoao37@gmail.com

 

Nota: Esse texto foi produzido na disciplina da professora Bárbara Del Rio, do CEFET Nepomuceno, e o objetivo principal foi trazer uma breve análise filosófica e sociológica relativa ao livro “Admirável Mundo Novo”. Assim, o leitor estabelece uma conexão entre os conceitos da obra e os ideais filosóficos e sociológicos.

 

Para saber mais: 

HUXLEY, Aldous. Admirável Mundo Novo. Editora Globo. Rio de Janeiro, 1932.


Imagem de destaque: Editora Abril / Divulgação

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