O CBEU foi “bão demais”!

Monica Abranches

O 9º Congresso Brasileiro de Extensão foi sediado pelo estado mineiro e organizado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e pela Universidade Federal de Alfenas (UNIFAL) e recebeu um público de mais de 14 mil inscritos para as atividades de rodas de conversa, mesas redondas, atividades culturais, exposição de produtos e espaço exclusivo para atividades do movimento estudantil. Segundo a organização do evento, em 04 dias, foram 704 salas virtuais para apresentação de trabalhos de extensão, 19 mesas redondas compostas por especialistas, professores da extensão e representantes de usuários de políticas públicas e de movimentos sociais. 

Fiz uma imersão no evento e além de apresentar 02 trabalhos aprovados na comissão científica participei das mesas: 01-Direitos Humanos e Justiça que pautou projetos com a população de rua e apresentou discussões sobre o racismo estrutural e os desafios das universidades para enfrentar esses processos, 02-Extensão e a Pandemia da COVID-19 que discutiu como as universidades estão se adequando para dar continuidade às ações de extensão universitária durante o período de restrições das atividades presenciais, 03-Cultura e Saberes Tradicionais discutindo as tradições e os conhecimentos das comunidades indígenas e quilombolas e como as universidades estão inserindo essa pauta em suas ações de ensino, pesquisa e extensão, 04-Movimentos sociais Urbanos e Economia Solidária onde foi apresentado a experiência de projetos de extensão que incentivam a autogestão de grupos sociais e projetos de geração de renda, com  destaque para o trabalho com catadores de materiais recicláveis, 05-Divulgação Científica e Extensão universitária que refletiu sobre a responsabilidade das ações de extensão contribuir com a valorização da ciência e combate às fake news e como adequar a linguagem científica para a sociedade em geral, 06-Saúde Mental na Universidade que apresentou o processo de adoecimento dos professores e o seu agravamento com o período de pandemia e as formas de amenizar essa situação que não afeta só os professores, mas toda a comunidade universitária, 07-Educação e Educação Básica, refletindo sobre a situação das escolas, dos professores, dos pais e das famílias em um momento de pandemia, além de projetos de extensão exitosos junto às comunidades escolares, 10-Movimentos Sociais urbanos e tecnologia, com relatos de experiências de movimentos sociais na periferia de Belo Horizonte e projetos de integração entre as universidades e essas comunidades, além de tecnologias para o mapeamentos dos territórios vulneráveis e de atuação dos movimentos sociais, 11-Cinema na Universidade mostrando e discutindo a importância do cinema na formação da cidadania e a experiência de cineclubes nas comunidades e nas escolas,  12-Extensão nos Currículos onde os especialistas discutiram as legislações que exigem a extensão universitária inserida na matriz curricular da graduação e a experiência de universidades que já estão se adequando a essa norma. 16-Formação de Professores que discutiu pesquisas sobre o tema e experiências de formação continuada de professores através de cursos de extensão e de pós-graduação das universidades.   

Queria relatar a experiência de participação nas redondas 02 e 12. Foi uma experiência inédita e estranha de um evento virtual onde em cada sala encontrávamos cerca de 300, 400 pessoas e onde foi necessário trocar as conversas de corredores pelo chat. Em oportunidades presenciais a gente troca livros, colares, camisas, ideias, gargalhadas e abraços. Mas dessa vez, não deu! Tinha gente de todos os lugares do Brasil – norte, sul, leste e oeste, como ouvintes e palestrantes. Sempre uma mãozinha levantada no chat dizendo Jorge da UFMT, Márcia da UFPA , Lucas da UFRGS , Cleide da UFBA … 

Nas mesas, os mediadores e os palestrantes sempre reafirmando o compromisso da universidade em colocar o saber científico à serviço da sociedade, indicando a preocupação com a formação política da sociedade e conclamando para um esforço conjunto de transformar as relações humanas para tempos mais fraternos e mais solidários. Esse Congresso nos serviu como marco e inspiração para a construção de um futuro mais próspero, que vai ter mais tecnologia, que vai ter mais processos à distância, mas que vai promover mais vontade de estarmos juntos e de mãos dadas pela vida e pela educação!

A mesa 2-Extensão e a Pandemia de Covid-19 nos apresentou inúmeras possibilidades de continuar a nossa relação dialógica com a sociedade e que a Universidade foi uma instituição fundamental para apoiar as pessoas, as entidades e as empresas a enfrentar positivamente as adversidades e as consequências da pandemia. Cartilhas, teleatendimento, vídeos e podcasts informativos, inúmeras lives, contatos pelas redes sociais, produtos das impressoras em 3D, pesquisas para responder as indagações sobre a doença, o combate e a cura. São muitas respostas à sociedade vindas dos laboratórios, dos grupos de pesquisas, das equipes de extensão dos cursos, dos projetos e programas de extensão em curso que se ressignificaram, nesse período. 

A mesa 12-Extensão nos Currículos nos apresentou a visão dos especialistas sobre a necessidade de reconhecer as habilidades da extensão para viabilizar o aprendizado de alunos, de docentes, de técnicos das universidades e, portanto, a urgência em garantir a extensão na matriz curricular dos cursos. Inserir a extensão no processo educativo das disciplinas obrigatórias e optativas, a conversação e a inserção da extensão universitária com e nas equipes de pesquisa dos cursos, a divulgação e o incentivo aos universitários para percorrerem uma trajetória acadêmica que faça da extensão um instrumento de aproximação de sua formação com a realidade, experimentando os desafios sociais, políticos e econômicos da sociedade antes mesmo de sua atuação profissional. 

Todo esse aprendizado está disponível no site do Congresso Brasileiro de Extensão, acessível a todos pelo youtube. Enfim… esse 9º CBEU foi “bão demais” aqui em Minas! 


Imagem de destaque: UFMG CBEU

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