Libertas quae sera tamen – Memórias em Movimento 

Paixão Sessémeandê

Após um café e uma pausa aos pés de uma árvore, convido você para um sobrevoo pelo Morro do Papagaio, vôo este ao estilo pássaro que embeleza a vida, pois, há boatos que, aquele de ferro, julga, fere e mata nosso povo. Lá de cima se vê uma grande árvore que carinhosamente foi apelidada como Baobá da Vila Estrela, coladinha no Muquifu (Museu dos Quilombos e Favelas Urbanos), onde pousamos para uma breve, contínua e necessária  reflexão sobre liberdade.

Antes de seguir, peço a vocês um minuto de silêncio, pelas vidas pretas/negras ceifadas, nas infâncias, na adolescência, na juventude, na fase adulta e na melhor idade.

1 minuto, um minuto, 1 minuto? um minuto? 1 minuto! um minuto!1 minuto, um minuto, 1 minuto? um minuto? 1 minuto! um minuto! 1 minuto, um minuto, 1 minuto? um minuto? 1 minuto! um minuto!1 minuto, um minuto, 1 minuto? um minuto? 1 minuto! um minuto!1 minuto, um minuto, 1 minuto? um minuto? 1 minuto! um minuto! 1 minuto, um minuto, 1 minuto? um minuto? 1 minuto! um minuto!1 minuto, um minuto, 1 minuto? um minuto? 1 minuto! um minuto! 1 minuto, um minuto, 1 minuto? um minuto? 1 minuto! um minuto!1 minuto, um minuto, 1 minuto? um minuto? 1 minuto! um minuto!1 minuto, um minuto, 1 minuto? um minuto? 1 minuto! um minuto!…

Liberdade será a palavra que nos guiará nesta viagem, onde em minhas memórias busco memorar uma atividade promovida pelo Cine Baobá, a partir da exibição duas ficções: o curta metragem “Chico” de Marcos Carvalho e Eduardo Carvalho e o filme “Marte um” de Gabriel Martins/Filmes de Plástico.

O curta “Chico” me permitiu fazer uma analogia sobre a bandeira do estado de Minas Gerais que, de  tão alva, demarca com o vermelho do sangue vidas alvo, das escritas que graduam a liberdade ainda que tardia. Rasga-me o peito em 23 minutos o demarcador social raça e território, marcados para não sobreviver.  Nesta fresta que ainda mina diariamente pelo mundo afora e aqui, neste exato momento, me deparo com um questionamento de Carol Oliveira durante o Espetáculo da Cia Movimento do Beco “ EmpreteSer”, liberdade para quem? A liberdade é para todos?

Chico é um pedido de socorro, de alerta, educando-nos para o cuidado com as pessoas pretas/negras, sobretudo para com nossas infâncias.

O filme “Marte um”, em seus 115 minutos, amplia o conceito de liberdade, de sonho e de reeducação de nossa sociedade, pois a liberdade não é igual para todes, cada um tem um modo de ver e sentir, porém, partimos do mesmo lugar, em busca de um encontro, de um voo, de simplesmente sermos respeitades dentro das nossas diversidades.

Raça, gênero e classe, norteou nossa reflexão sobre liberdade abordada até aqui. “Chico” e “ Marte um” educa e descoloniza nosso olhar sobre o modo como vemos a liberdade, assim como o poder e impacto causado pela manutenção do capital, incidido diretamente sobre nossos corpos, ditando o meio, a forma, e como seremos libertos.

A liberdade só fará sentido se a emprestamos e cabe a nós ressignificá-la. Neste sentido, convido a vocês para uma pausa chá da Dona Jovem, colhido do jardim (folhas de alfavaca, alecrim, hortelã, capim limão, manjericão) feito na beira do fogão, regado de cuidado e amor, onde tecemos sonhos e planos, para liberdade.

Libertas quae sera tamen (Liberdade ainda que tardia) para quem? Na conta de quem? Por quê?


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