Esqueça Bolsonaro

Dalvit Greiner

E foque suas energias no seu deputado. Aliás, você se lembra para qual deputado deu o seu voto nas últimas eleições? Creio que aqui se encontra um de nossos maiores problemas na política. Esquecemos, rapidamente, quem são nossos representantes: nas câmaras municipais, assembleias legislativas e Congresso Nacional.

E por que esse esquecimento? É, por um lado, parte de nossa cultura autoritária: deleguei-te o poder para resolver meus problemas! Essa coisa de política não é comigo. Assim, se o representante se demonstrou incompetente a culpa não é minha, o representado, pois a minha tarefa era apenas votar.

Por outro lado, é parte de nossa indolência política. Votamos em outubro, de dois em dois anos e pronto, está feito. Não há mais nada a fazer. O voto é obrigatório e para mim é muito penoso sair de casa, quanto mais acompanhar um deputado ou senador. Já fiz um favor a quem me pediu o voto.

Nossa ação política deve ser cotidiana. Não adianta votar e cruzar os braços. O voto é apenas uma ação de toda a política. Quando faço questão de não cobrar do meu representante – e muitas vezes ele sabe que não será cobrado – estou deixando claro que a política é para os outros, não é para mim. Isso faz com que apareçam aventureiros, que de um jeito ou de outro tomariam o poder, mas que, numa Democracia, com o voto popular, ficam muito mais empoderados. Eles se fortalecem na medida em que você deu o seu poder para eles.

Mas, o meu candidato não venceu a eleição, seria a próxima desculpa. Ele não foi eleito deputado. Pois, então escolha um e cobre dele a sua atuação parlamentar. No modelo eleitoral brasileiro o voto é contado para o partido e depois para o candidato. Portanto, o seu voto elegeu, mesmo que indiretamente, aquele deputado do partido ao qual pertence o seu candidato. O seu voto colocou-o lá e ele precisa ser cobrado, lembrado. Se você não votou em ninguém, escolha qualquer um e na próxima eleição faça melhor: vote!

Devemos nos importar com os mandatários do poder executivo. Eles têm poder inclusive para “comprar” o seu deputado fazendo-o votar naquilo que você não votaria nunca. Se você não vigia o seu deputado ele se venderá fácil. Porém, se você sinalizar a ele que não mais receberá o seu voto na próxima eleição a reação será diferente. Basta deixar bem claro que, apesar e por causa do seu voto, você não quer aquela atitude da parte dele.

Então vamos lá! Receitinha fácil. Lembra-se do candidato e do partido que você votou? Se sim, anote-o e comece já a vigiar a sua atuação nos parlamentos. Não é difícil e fica mais fácil se você tiver internet. Mas, não apenas no parlamento. Procure saber da atuação dele nos movimentos sociais. Se ele continua atuante, contactando e apoiando os movimentos sociais, ouvindo as suas demandas e construindo projetos que atendam ao povo.

Se você não se lembra, não importa. Se você sequer se lembra do partido, escolha um e comece já. Observe o que cada um faz, escolha uma causa e comece a acompanhar este ou aquele representante. Ele também é seu e se você se descuidar ele fará o que bem entender com o poder que você transferiu para ele.

Mas, isso ainda é um modelo para gente pouco afeita ao exercício da política. Acreditar que a política é apenas o ritual do voto é um desastre para qualquer Democracia. É preciso acompanhar e estar atento ao representante eleito. A pressão deve ser constante. Se perceber que o que está acontecendo não está bom, que você está correndo risco, vá para a rua. A rua é o lugar da verdadeira política: não é o gabinete, nem o palácio, nem o banco. A política se faz nas ruas, ao lado de pessoas com interesses diversos, mas que, em comum tem o desejo de mudar a realidade. Se o seu representante estiver lá, você está bem representado. Caso contrário, quem deve tomar uma atitude é você.

Quando se diz que o preço da liberdade é a eterna vigilância, numa sociedade grande como a nossa em que a elaboração das leis é por representação, não devemos nunca nos furtar em acompanhar, bem de perto, o nosso representante. O poder emana do povo, mas se o povo abre mão desse poder… Portanto, esqueça Bolsonaro. Nosso lugar é na rua e em todos os lugares possíveis, pressionando o parlamento.

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