EDUCAÇÃO X EDUCADOR: ATÉ QUE A MORTE NOS SEPARE 

Marcus Periks Barbosa Krause 

Massacres estão se tornando rotineiros nas escolas do nosso país, a vulnerabilidade do ambiente escolar tem transformado estes locais em verdadeiros campos minados. Não se investem em medidas preventivas para coibir o avanço destes problemas, que vão avolumando-se e ganhando proporções cada vez mais assustadoras. Sem investimentos necessários e sem medidas preventivas, muitos professores, servidores e alunos vão entrando nas estatísticas como vítimas da violência no ambiente escolar. Desta vez a vítima foi uma professora de 71 anos de idade, Elisabeth Tenreiro, que mesmo diante da idade avançada, permaneceu em sala de aula por acreditar no poder transformador da educação.

O trabalho docente em nosso país não figura entre as profissões mais valorizadas nem mesmo as mais bem pagas, sequer fica entre as 50 mais bem pagas do país. Isso faz com que muitos professores busquem outras alternativas para complementarem suas rendas e manterem o sustento da família. Muitos professores preferem não se aposentar para não perder suas gratificações e terem seus proventos reduzidos, outros, mesmo após aposentados, buscam contratos para ministrar aula e, assim, garantir a manutenção de seu padrão de vida econômico.

Diante da tragédia ocorrida no último dia 27 de março de 2023, na escola estadual Thomazia Montoro, zona Oeste de São Paulo, onde um adolescente de 13 anos de idade, portando uma faca, matou a professora Elisabeth Tenreiro, de 71 anos, e feriu outras cinco pessoas, muitos se perguntaram: “por que a professora Elizabeth ainda estava em sala de aula, visto que ela tem aquela idade?”

Segundo relatos de sua filha, a professora assassinada dedicava-se a lecionar como um propósito de vida, uma missão. Ela acreditava que poderia contribuir na transformação social de vidas, através de sua atuação enquanto docente. Tal qual quando ingressamos em um relacionamento matrimonial e no altar fazemos o famoso compromisso de permanecer casados “até que a morte nos separe”, assim a professora, mesmo em sua idade avançada, ingressou na docência com o compromisso de permanecer fiel à profissão.

Assim como em um relacionamento conjugal há muitos altos e baixos e diversos problemas a serem superados, onde os cônjuges precisam de diálogo e consenso para transpor tais barreiras, no exercício da docência em nosso país, os profissionais da educação também enfrentam muitos desafios, mas em meio a tantas dificuldades para o exercício da profissão na educação pública, a maioria permanece firme e ciente de que está cumprindo sua missão, sempre acreditando que um dia haverá maior valorização e respeito.

A professora Elizabeth acreditou até o último minuto de sua vida que ela poderia, através da educação, transformar a realidade de muitas vidas, porém, ela não esperava que a morte iria lhe separar de cumprir esse ideal, e morreu justamente em “sua trincheira”, (mesa da professora) no seu campo de batalha diário (sala de aula).


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