MEC, corrupção e educação

Desde o início do Governo Temer e, mais ainda, do Governo Bolsonaro, não há semana que passe sem que o MEC tenha tomado uma medida contrária aos interesses da maioria da população. Da destruição das estruturas de Estado para elaborar, operacionalizar e avaliar as políticas públicas, passando pela degola das universidades até o recente escândalo do pastoreio dos pastores na pasta da educação, nada ficou sem o toque das mãos ressequidas e de morte desses governos nefastos.

Seja pela importância política, cultural e ideológica da educação escolar, seja pela sua capilaridade no território, ou seja, ainda, pelo tamanho do orçamento manejado pelo Ministério, o MEC sempre foi uma das joias da República, o que é demonstrado pela disputa em torno de sua ocupação por todos que ocupam a Esplanada. 

Não haveria porque esperar alguma parcimônia em dilapidar o MEC por parte de um governo que explicitamente se assumiu como sendo destruidor do Estado, das políticas e que se propôs a eliminar os seus adversários. A corrupção está no coração do projeto que trouxe Bolsonaro até o poder e não poderia estar ausente de suas formas de governo. Sendo a corrupção e a destruição da coisa pública formas de governo, não poderiam passar ao  largo do Ministério da Educação.

Se tal é verdade e assustador, não menos é o fato de as estruturas de Estado e demais poderes da República, a não ser em franca minoria, não tenham vontade ou força suficientes para pôr fim ao descalabro que tomou conta da administração da educação no país. Apesar de sobrarem evidências de que o MEC atenta continuamente contra a República e contra os interesses da maioria da população, sai ministro, entra ministro, nenhum deles e, muito menos, o chefe que lhes beneficiou cargo, sofrem punição alguma. Nem mesmo quando são corruptos passivos ou ativos declarados, como um dos ex-Ministros que, ultimamente, tem revelado conhecer as entranhas da corrupção no Ministério.

A corrupção na/da administração pública, assim como a ausência e/ou leniência na punição da mesma,  não são,  bem sabemos, os grandes problemas da República, ainda que elas os aprofundem. Elsa decorrem de investimentos históricos de nossas elites na apropriação da coisa pública para finalidades privadas e fazem parte da própria estruturação do Estado brasileiro. Fala-se notadamente dos “políticos” corruptos e faz-se disso uma forma de desacreditar na política. Pouco, no entanto, se diz dos elos que unem estes agentes ao mundo empresarial, nacional e transnacional, bem como a diversas instituições da sociedade civil organizada. Sem empresários, fazendeiros, pastores, imprensa e lobistas corruptos(as) e corruptores(as), por exemplo, muito menos espaço haveria para  a corrupção do agente público, dentre eles os “políticos” sobre os quais tanto se fala.

A corrupção e a ausência de punição são formas poderosas de educação ou, se preferirmos, de deseducação cívica da população, do mesmo modo como aprofundam as nossas grandes mazelas sociais, políticas e econômicas. Sobre esse processo educativo que não se realiza fundamentalmente no interior das escolas, é  preciso que a gente converse mais. Palavreá-lo é a única forma de criar condições para que a corrupção possa ser combatida e os corruptos e corruptores sejam nomeados e  punidos.


Imagem de destaque: Galeria de Imagens

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *