Educação, fortalecer as resistências

Os últimos acontecimentos para os quais mais se chamou a atenção no país mostram que o Brasil de 2022 se assemelha, cada vez mais, com aquilo que nossas elites mais perversas sempre investiram em torná-lo: é a defesa da tortura pela família Bolsonaro, aqui; a contagem dos mortos durante o período chuvoso ali; é a denúncia de corrupção no MEC acolá; é a inflação que retorna galopante. Isso, sem contar a invasão das terras indígenas apoiada pela FUNAI, a continuidade da violência policial contra a população negra e periférica, a fome que volta a bater às portas de milhões de brasileiras/os.

O fato é que não podemos debitar todas essas desgraças à “família Bolsonaro” e nem mesmo aos lobos travestidos de ovelhas que a acompanham nessa batalha dantesca de destruição e morte. Há muito mais gente, nos bastidores e à luz do dia, ganhando muito dinheiro e poder com estas políticas perversas. O Golpe de 2016, continuado e aprofundado pela eleição de Bolsonaro, não foi em vão. Depois de seis anos de necropolíticas o Brasil volta, cada vez mais, a ter a cara dos séculos passados.

No entanto, a maior visibilidade das desgraças que nos assolam cumpre, em parte, a máxima da imprensa contemporânea de que elas, as notícias ruins, vendem mais do que as resistências a elas. Além disso, apropriadas pelos marqueteiros de plantão que transformam a política num espetáculo, elas paralisam os sujeitos e os tornam reféns de soluções milagrosas, notadamente aquelas que dialogam com o autoritarismo, a violência e a cessação da própria política.

Das resistências que quase não se falam é preciso dizer que elas abundam nos territórios e anunciam outros brasis possíveis. São ações individuais e coletivas que tornam possível sonhar com dias melhores e a combater por eles.  

No campo da educação, há a continuidade de um intenso movimento coletivo, de abrangência quase nacional, de defesa da escola pública e de seus profissionais. E este movimento é simbolizado pela GREVE dos profissionais da educação de muitas redes municipais e estaduais. Nelas, se defende o direito a salários e condições de trabalho mais justas e a possibilidade de as crianças e jovens terem uma educação de qualidade, mas também se defende o Estado de Direito e o cumprimento da legislação em vigor, a exemplo da exigência que se pague o Piso Salarial Profissional Nacional para os Profissionais do Magistério Público da Educação Básica.

O fechamento das escolas, durante a pandemia, demonstrou cabalmente a importância dessas instituições não apenas como lugar de ensino-aprendizagem, como também de guarda e socialização das crianças, adolescentes e jovens. No entanto, apesar de reconhecida, a importância das/os profissionais da educação ainda encontra pouco eco nos gabinetes das Secretarias e Ministério da Educação, e mesmo na imprensa, quando o assunto é o cumprimento do Piso Salarial, conquista fundamental da categoria. 

A valorização das/os profissionais da educação é a única maneira de termos uma educação de qualidade para todes. E certamente, no Brasil, estamos muito longe disso. Por isso, a GREVE das/os profissionais da educação não é apenas uma luta salarial e visando a própria categoria: é uma luta de resistência contra o desmonte do Estado e uma iniciativa que nos faz sonhar que um outro Brasil é possível!

 


Imagem de destaque: Galeria de Imagens Sind-UTE

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