Violência da PM contra estudantes em Belo Horizonte mobiliza a sociedade – Yolanda Assunção

Violência da PM contra estudantes em Belo Horizonte mobiliza a sociedade

Yolanda Assunção

A luta dos estudantes de Belo Horizonte contra a PEC 55 viveu, na última semana, uma nova página. Na sexta-feira, 24, o ato em uma das portarias do campus Pampulha da Universidade Federal de Minas Gerais terminou em confronto entre os manifestantes e a Polícia Militar. O protesto, que reuniu estudantes, docentes e servidores de faculdades e escolas públicas da capital mineira, afetou o trânsito na Avenida Antônio Carlos, um dos principais acessos para o centro da cidade e em determinado momento a Polícia Militar atirou balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo contra os manifestantes. Segundo o comandante da PM responsável pela ação, foi usada de força para dispersar os manifestantes afim de garantir o direito de ir e vir dos motoristas que transitavam pela via.

Durante a ação, militares entraram no campus da universidade. Ainda na sexta feira, a Reitoria divulgou nota de repúdio contra o que o Reitor Jaime Arturo Ramirez chamou de uma “ação excessiva, violenta, inaceitável”. Durante entrevista concedida à Rádio UFMG Educativa, o professor afirmou que “não é aceitável que a polícia dispare balas ou bombas contra a comunidade universitária, que entre no campus sem autorização e que agrida a comunidade. Uma agressão a qualquer membro da comunidade é uma agressão a toda a comunidade. Nós repudiamos essa ação da Polícia”.

Os trabalhadores Técnico-Administrativos em Educação da UFMG também participaram do ato e, diante da ação da PM, se posicionaram ao lado de professores, entre os estudantes e os policiais. Representados pelo Sindicato dos Trabalhadores nas Instituições Federais de Ensino (SINDIFES), estes servidores também se manifestaram contrários à ação a partir de uma nota de repúdio. “O SINDIFES se soma às demais vozes da comunidade universitária e das diversas entidades da sociedade civil que se posicionam contrárias à violência de agentes da segurança pública que, em tese, deveriam proteger a população e garantir a sua integridade física. Neste sentido, vem cobrar das autoridades competentes que apurem os responsáveis e punam todos os envolvidos no episódio” declara o documento assinado pelo Comando Local de Greve.

Os professores da universidade, que estão em greve desde o dia 11 de novembro, em protesto contra a PEC 55, também declararam-se contrários à ação. A nota publicada pelo Sindicato dos Professores de Universidades Federais de Belo Horizonte, Montes Claros e Ouro Branco (Apubh) destaca a luta para “manter a Educação e a Universidade Pública, Gratuita e de qualidade para todos e também para assegurar os direitos conquistados arduamente com a Constituição de 1988, sobretudo os direitos à saúde, à assistência social e direitos trabalhistas.”

Outros setores da comunidade acadêmica também se posicionaram em relação à ação da polícia. Uma das primeiras declarações foi feita pelas mães dos alunos da Unidade Municipal de Educação Infantil Alaíde Lisboa, que fica dentro do campus, próxima à portaria onde ocorreu o confronto. Segundo Barbara Versieux, mãe de uma das alunas, o barulho das bombas assustou as crianças da unidade, que atende estudantes de 03 a 05 anos.

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Ao lado da entrada da Av. Antônio Carlos também está a Escola de Belas Artes, onde os manifestantes buscaram refúgio durante a ação. Os membros da ocupação do local foram os primeiros a prestar socorros aos feridos. Além disso, a diretoria da unidade também publicou uma nota de repúdio contra a ação lembrando da legitimidade de dos atos e que os “estudantes manifestantes realizavam um ato pacífico em defesa da Educação brasileira com horário definido para seu término.”

Grupos de pesquisa da universidade se pronunciaram sobre os acontecimentos em documento assinado por 14 grupos, que lembra a decisão do ConselhoUniversitário publicado horas antes a respeito das ocupações. “A intervenção raivosa, irresponsável e desequilibrada da PM/MG intervém menos de doze horas após deliberação do Conselho Universitário da UFMG sobre apoio e solidariedade às ocupações, bem como de sua afirmação sobre a necessidade de não criminalização dos movimentos da comunidade universitária.”

O Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais também se posicionou. A Direção Estadual declara que “atacar jovens estudantes, com bombas de gás lacrimogêneo e com balas de borracha, foi um ato de covardia. Revela ainda a postura da Polícia Militar de criminalizar as lutas sociais!” em documento publicado no site oficial do sindicato.

A comunidade científica, por meio do Fórum de Ciências Humanas, Sociais e Sociais Aplicadas (FCHSSA), que reúne 52 instituições de representação das comunidades científicas de diversas áreas do conhecimento, publicou nota de repúdio esta semana. Já o documento publicado pelo Conselho Regional de Psicologia de Minas Gerais cobra que as “autoridades apurem e responsabilizem os excessos, acreditando assim que possam ser evitadas outras violações dos direitos das(os) estudantes que se manifestarem. A Sociedade Brasileira de Promoção da Ciência se posicionou não só contra as ações de Belo Horizonte como também em relação ao uso de força pela policia de todo país.

Outra instituição que demonstrou solidariedade aos estudantes foi o Sindicato dos Trabalhadores das Empresas de Correios, Telégrafos e Similares do Estado de Minas Gerais. A nota destaca que “esse abuso deve ser repudiado por todas as organizações sindicais e sociais de todo o Brasil.”

Ainda na sexta-feira o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, que é professor da universidade declarou em sua conta oficial do Facebook a necessidade de se apurar os possíveis excessos da ação.

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A fim de garantir a apuração dos acontecimentos, o reitor da UFMG se reuniu, ainda na sexta-feira, com o governador Fernando Pimentel e a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais para discutir o caso. De acordo com reportagem da UFMG, o Reitor lembra que “a Universidade não pode aceitar repressão contra o direito de manifestação”.

Na última quinta-feira, 24, outro ato organizado por estudantes no centro de Belo Horizonte contra a PEC 55 também acabou em confronto com a PMMG. Na ocasião, dois estudantes da UFMG foram detidos.

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