Vem CONAE, vai CONAE, e a organização delas continua fora de nossas mãos

Carlos Henrique Tretel

Parece que foi outro dia, car@ amig@ da Planos de Vista,  que realizamos a Conae 2014. E já estamos às portas da Conae 2018… 

Lembram-se (Fernanda, Janete, Fernando & demais ativistas da educação) do que aconteceu lá em 2014, às portas da Conae daquele ano? Do total desrespeito para com a autonomia do Fórum Nacional de Educação, organizador (que se queria servil) do evento de então? Desrespeito que vemos acontecer hoje novamente, quando insiste o MEC (agora com indisfarçável arrogância) em querer (declaradamente mesmo) dialogar apenas com servis. Ontem como hoje, nada há para se alegrar às portas da Conae.

 

A diferença é que hoje certamente o desrespeito é bem maior. E a arrogância também. Culpa coletiva nossa talvez: não reagimos à altura contra a desconsideração e a arrogância do MEC em 2014 e volta ele hoje, com muito maior desconsideração e arrogância ainda, a simplesmente passar por cima das deliberações e encaminhamentos das Conae, de ontem e de hoje. Das de amanhã também? Até quando? Até talvez (deixo a sugestão) que nos organizemos à margem do poder (inclusive financeiro) do MEC? Até que nos tornemos autônomos? Acredito que sim. De minha parte, estou disposto a contribuir inclusive financeiramente para que a constituição, manutenção e o fortalecimento de nossa autonomia se dê no menor espaço de tempo possível. E você, car@ leitor@? Pois, do contrário, o que nos aguarda é mais do mesmo que vemos acontecer. E é disto para pior. De 4 em 4 anos seremos, descaradamente, desavergonhadamente desconsiderados na hora de se tomar decisões acerca das Conae que, pelo andar da carruagem, serão mesmo só para inglês ver, só para que o governo saia bem nas fotos perante a comunidade internacional. Um absurdo contra o qual temos que lutar.

 

Mas esse é um assunto sobre o qual já se encontram a falar inúmeros de nossos companheir@s ativistas da causa da educação. Uma discussão importantíssima, não nego, mas não a única que há de ser feita, a fim de que a Conae 2018 não seja um fracasso total, tal como se afigura à primeira vista.

 

Apesar dos pesares, apesar das pedras no caminho, temos que caminhar. Aninar nosso povo à participação nas conferências municipais e estaduais preparatórias da Conae 2018. Pois o MEC, enquanto braço do governo federal, quer ver nossa participação nas discussões sobre a política educacional ora inibida ou postergada (tal como aconteceu em 2014) ora impedida ou submetida à sua vontade (tal como acontece hoje). De uma forma ou de outra, não quer nossa participação efetiva e autônoma. Se for para bater palmas, se for para dar gritinhos tipo “é isso aí, Dilma!” ou “muito bem, Temer!” a nossa participação sempre foi, é e será muito bem-vinda. Caso contrário, contendo críticas ou encaminhamentos conflitantes com os interesses do gestor (legítimo ou não) que se encontra à frente do Palácio do Planalto, nossa participação sempre foi, é e continuará sendo comprometida, resultando lá no chão das escolas em um enorme vazio.

 

Quer um exemplo desse vazio? Quando puxamos assunto em nossas rodas de conversa virtuais (essas de que participamos em nossos zapzap do dia-a-dia)  sobre conferências de educação, quase ninguém se manifesta. Seja professor@ ou não! Descrédito talvez para com elas? Pode ser. Parece, e espero estar errado, que as pessoas não demonstram empolgação alguma, infelizmente, com a ideia de que a participação nessas conferências possam influenciar o destino da educação pública do nosso país porque as Conae não levam a nada. São perda de tempo. E as pessoas parecem ter razão, infelizmente…

 

Ainda assim, temos que (re)alimentar o entusiasmo de nosso povo pela democracia participativa (nunca experimentada de fato por todos nós, salvo experiências pontuais de orçamento participativo aqui e ali)  a que nos pode fazer crer em um dia que podemos, melhor ainda, devemos mesmo participar (ao lado de nossos representantes eleitos) para influenciar nas decisões que afetam  o destino de nossa educação pública. E do nosso país.  

 

Falemos então um pouco, até porque pouco há para se falar, sobre as conferências municipais, etapas preparatórias, bem sabemos, das Conae. A da cidade onde resido, São Paulo, está prevista para o final deste mês.  E o que vejo não é nada animador. Não se vê quase nada (escrito ou falado) em lugar algum sobre isso.  Mas ela está prevista para o final deste mês de maio, conforme atestam as poucas notícias veiculadas que pesquei ao navegar na internet.  

Fato é que não é assunto de interesse dos grandes veículos de comunicação, embora alguns se intitulem amigos da escola, até mesmo façam parte do Todos pela Educação. Mais uma grande contradição de nosso tempo. Tempo de ruptura democrática. A solução? Democracia participativa. Boaventura

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