#15M – Tsunami da Educação inunda as ruas de Belo Horizonte

Yolanda Assunção

Estudantes, professores, gestores, funcionários e servidores de todos os níveis da educação, pública e privada, ocupam as ruas da capital mineira na Paralisação Geral em Defesa da Educação

O primeiro grande ato popular no governo Bolsonaro foi protagonizado pela educação. Na última quarta-feira, dia 15, milhares de atores da educação de todo país foram às ruas expor as demandas do setor. O #15M partiu da organização de professores de educação básica de todo país e teve como bandeira principal a luta contra a reforma da previdência, incorporando pautas regionais em cada cidade e estado. Diante do contingenciamento das verbas do MEC instituições de ensino superior e de pesquisa também se uniram ao movimento estabelecendo um ato unificado que mobilizou estudantes, professores, servidores, funcionários terceirizados e pesquisadores em todo país. Para os manifestantes, está em curso no país um processo de desarticulação da educação, em especial da educação pública, que integra um projeto de destruição do pensamento crítico da população, tão importante para a cidadania e conscientização social. A Deputada Estadual de Minas Gerais Andréia de Jesus Silva (PSOL) esteve presente no ato em BH e lembrou o papel emancipador da educação e seu caráter popular. Para ela, a manifestação foi não só pela educação, mas por toda a seguridade social. “Educação, saúde e serviço público, ninguém mexe, porque foi construído pelo povo. Não é construção de um governo, é construção de uma luta” afirmou a parlamentar.

Foto: Yolanda Assunção

O ato de Belo Horizonte foi decidido nas assembleias de professores das redes Estadual e Municipal de Educação tendo principal pauta a reforma previdenciária e trouxe pautas regionais para as ruas. Na rede municipal da Capital, é a situação dos funcionários terceirizados que chama atenção. Milhares de postos de trabalho serão fechados e um novo edital está aberto, contudo o edital não cumpre o que foi acordado entre os funcionários que estão na ativa e a prefeitura, assim, segundo o sindicato muitos trabalhadores perderam seus empregos. Tereza Cristina Moreira funcionária da rede relata de como muitos dos seus colegas não têm condição de fazer a prova. “Pessoas que trabalham a mais de 20 anos dentro de uma escola, que saber fazer a comida, a limpeza, podem ficar desempregados se não passar na prova. É por isso que hoje lutamos ao lado dos professores e estudantes” declara.

Já na rede estadual se destaca a redução de vagas na educação integral nas escolas estaduais e a possibilidade de cancelamento do contrato com a empresa que realiza a segurança das escolas da rede. As duas iniciativas anunciadas pelo governo de Romeu Zema são justificadas pela proposta de redução das despesas do estado diante de um quadro de déficit fiscal.

Ainda no âmbito estadual, estudantes, professores e pesquisadores da UEMG marcaram presença no ato. “Ficar na rua é mostrar um pouco do que acontece na universidade. Universidade não é só conteúdo, é também a luta e sonhos” afirmou a estudante de pedagogia Irvana Alves. A professora Liliana Borges, diretora do Campus Belo Horizonte da UEMG, afirma que unir a luta às escolas e universidades federais é unir forças em defesa da educação pública e gratuita. “A gente sabe que a intenção do governo federal e estadual é encaminhar para a cobrança de mensalidade nas instituições e enfraquecer nossos trabalhos de ensino, pesquisa e extensão que realizamos” declarou a professora.

Estuantes da UEMG. Foto: Yolanda Assunção

A redução do orçamento também mobilizou vários níveis da rede federal de educação. Já pela manhã alunos e professores do CEFET-MG saíram em passeata do Campus da instituição, localizada na região oeste e seguiram rumo ao centro da cidade, onde se concentrou toda a manifestação. No caminho, além de conversar com a população sobre as importâncias da instituição e o impacto da redução das verbas na educação, tanto para o ensino técnico quanto para o superior, os manifestantes mostraram cartazes e trabalhos acadêmicos que destacavam o trabalho realizado por eles. Davi, estudante do segundo ano do curso técnico em Meio Ambiente do CEFET fala de como o corte afeta diretamente a pesquisa que ele realiza. “O Brasil tem pesquisa em desenvolvimento e o corte impacta diretamente na produção. Temos que parar e chamar atenção de todos para mostrar o que fazemos e continuar levando a ciência para a população brasileira. Por isso o CEFET-MG se mobilizou muito hoje e está ocupando as ruas” afirmou o estudante.

Já a mobilização da UFMG contou com participação massiva de professores, estudantes, servidores e pesquisadores e começou bem cedo com panfletagem nos arredores do Campus Pampulha. A vice-presidenta do Sindicato dos Professores de Universidades Federais de Belo Horizonte e Montes Claros (APUBH), a professora Maria Rosária Barbato falou da importância de ‘sair da bolha’. Segundo ela, “nós precisamos esclarecer a população sobre o que está acontecendo. Fazer com que as pessoas entendam a gravidade dos ataques que estão vindo, não apenas contra a universidade, porque trata-se de um ataque a toda a sociedade. Isso é um ataque contra o projeto de sociedade que está posto em nossa Constituição.” A professora ainda comentou sobre como as pessoas estão cada vez mais abertas para conversar e entender o que está acontecendo, e destacou a importância de a universidade sair, ir às ruas, às favelas conversar com as pessoas.

Estudante realizando panfletagem na Avenida Afonso Pena. Foto: Yolanda Assunção

Ana Carolina Vasconcelos, diretora geral do DCE UFMG destacou como todas as unidades da universidade realizaram assembleias que decidiram pela paralisação junto aos professores. “Essa unidade é para defender a educação como um projeto da sociedade e dá muito mais força para derrubar os cortes e a reforma da previdência” declarou a estudante. Já o servidor Daniel Fernando Costa, fala de como o acesso ao ensino de qualidade é importante para a sociedade. Para ele, os servidores têm uma parcela significativa nesse processo. “O trabalho do servidor é importante para manter a qualidade do ensino. É nosso dever também lutar para a manutenção deste sistema” afirmou.

No meio da manhã a comunidade da UFMG se concentrou no Campus Saúde da Universidade, na área hospitalar, de onde saiu ao encontro dos demais manifestantes na Praça da Estação. Os cerca de 250 mil manifestantes seguiram pela Avenida Amazonas rumo à Praça Raul Soares onde o ato público encerrou com falas de lideranças sindicais e estudantis, convocando especialmente para a Greve Geral prevista para o dia 14 de junho.

Imagem de destaque: Ato em Belo Horizonte dia 15 de maio de 2019. Foto: Maíra Cabral/Brasil de Fato

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