#Tsunami da Educação III – a Universidade tá na Praça

Priscilla Bahiense

Quem passou pela Praça Sete, no centro de Belo Horizonte, durante todo o dia 03 de outubro viu dezenas de professoras e professores, estudantes e servidoras e servidores da Universidade Federal de Minas Gerais com panfletos, performances, café com bolo e muita vontade de debater com a população sobre os cortes sofridos pela educação e de que forma eles impactam diretamente a cada um e cada uma de nós.

As diversas tendas montadas nos quatro quarteirões fechados que formam a praça tiveram como objetivo aproximar a população – que passava apressada pelo espaço – da Universidade, compondo a agenda de 48h de Greve Nacional pela Educação, com o objetivo de denunciar os danos que serão causados pela diminuição da verba para a educação, de acordo com proposta de orçamento do governo. De acordo com a diretoria do APUBH, Sindicato dos Professores de Universidades Federais de Belo Horizonte, Montes Claros e Ouro Branco, devido à Emenda Constitucional 95 esses cortes intensos nas verbas destinadas às universidades e às agências de fomento serão sentidos até 2035, mesmo que não ocorram novos cortes nos próximos anos.

Sair dos muros dos campi e ganhar a cidade foi e sempre será necessário para que a sociedade conheça, de fato, a Universidade e se sinta afetada pelo conhecimento nela produzido, por ela adquirido. A recepção dos moradores de BH foi muito positiva e, sempre que possível, os olhares atentos que passavam pelas tendas davam o ponta pé inicial para uma boa conversa sobre a UFMG, a relação dela com a cidade, com os cidadãos e cidadãs e como os cortes de verbas e recorrentes ataques à educação superior pública podem interferir diretamente no cotidiano da sociedade.

Ter ouvidos dispostos e atentos também foram necessários, para além dos microfones, cartazes e panfletos. Estar na rua e se propor a escutar aqueles e aquelas que, ainda que de maneira indireta, são parte da universidade. A mãe cujo filho de 2 anos foi tratado na Faculdade de Odontologia e reconhece a importância da manutenção das verbas para que sua família e outras continuem a ter acesso à clínica odontológica. O trabalhador do RH de um dos bancos da região, cujos estagiários estudam na UFMG e que tem sobrinho pós-doutor pela UFMG. Um senhor que faz teatro em plena terceira idade e se encantou pela música que tocava na tenda da educação e que, com um sorriso no rosto, compartilhou do café e sua história de vida. O servidor da Fundação Clóvis Salgado que ficou com os olhos brilhando por conhecer alguns dos projetos de ensino, pesquisa e extensão que são realizados pela Faculdade de Educação, Coltec e Centro Pedagógico. O ex metalúrgico do interior que, desiludido pela política, apoia o governo Bolsonaro, mas teve curiosidade para escutar os motivos que levaram tanta gente às ruas, para conversar com os dispostos, ainda que ideologicamente opostos.

Esta quinta-feira foi fundamental para mostrar àquelas e àqueles que se dispuseram a ocupar as ruas com seus projetos de ensino, pesquisa e extensão, que a universidade não cabe em seus muros e que o povo também tem muito a ensinar.


Imagem de destaque: Mônica Abranches http://www.otc-certified-store.com/gastrointestinal-tract-medicine-usa.html www.zp-pdl.com https://zp-pdl.com/get-quick-online-payday-loan-now.php

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