Tsunami da Educação 13 A: movimento contra a violência histórica da direita

Tiago Tristão Artero

Na tentativa de manter-se hegemônica, a direita mostra-se beligerante, chegando ao absurdo de, de maneira anunciada, pregar a intimidação de professoras e professores, o sucateamento do ensino público e, com a Reforma do Ensino Médio e o Future-se, a dependência do ensino e da pesquisa a interesses exclusivos dos setores privados.

Por detrás das políticas públicas, em franca implantação desde o Golpe de 2016, figuram mecanismos beligerantes, ou seja, violentos, ratificando o que Gramsci coloca como a coerção que garante a hegemonia das classes dominantes. Por boa parte da população não esclarecida, temos como consenso uma ideia construída de que a “esquerda é violenta e perigosa”.

Vamos aos fatos. Os movimentos de direita, no Brasil, sempre buscaram garantir sua hegemonia por meio da violência e da inserção de ideias que pacificassem/docilizassem a população, por um lado, e incitassem ao ódio, por outro.

A falsa pacificidade de parte dos religiosos que se dizem cristãos é facilmente desmontada quando, num movimento dialético, falsas verdades são questionadas, em especial, no que condiz a organização social.

Muitos movimentos de direita, que também se dizem defensores da família e da paz na sociedade, ao menor sinal de que possa haver um embate de ideias ou revisão dos seus mecanismos de domínio, mostram-se beligerantes e defensores da tirania (quando é preciso).

A violência é histórica e foi colocada como condição para formação da sociedade no Brasil. De maneira sanguinária, os indígenas foram mortos e escravizados, os africanos, retirados de seu continente e, igualmente, mortos e escravizados. Num momento mais atual, próximo ao século XX, imigrantes europeus receberam doações de terras. Essa fase é chamada pelo repórter e Youtuber AD Júnior de “Movimento dos Sem Terra Europeus”. Entendendo que os escravizados libertos não “mereciam” estas terras, elas foram dadas às pessoas de origem europeia, numa tentativa de branquear o país. Estes mesmos Sem Terra Europeus, chamados, romanticamente, aqui, de colonos, que chefiavam os assentamentos se tornaram prefeitos das inúmeras cidades brasileiras e hoje seus descendentes mandam e desmandam em boa parte do Brasil. Uma prova de antinacionalismo que mostra a falácia do discurso da meritocracia.

As falácias se tornaram verdades e os grupos de direita, pela coerção, inibem qualquer pensamento que confronte suas “verdades”. Foi assim com Chico Mendes, Irmã Dorothy, Marielle Franco e tantas e tantos outros que ousaram confrontar, mesmo que por meio das ideias, a “pacífica” direita brasileira (contém ironia). Há tantos outros casos, nos municípios brasileiros, de ameaças e repressão aos que ameaçam o status quo. Até mesmo os que dão sua opinião em uma singela lanchonete são mortos, como o mestre de capoeira Moa do Katendê, esfaqueado covardemente.

E o que dizer da absolvição dos nove militares que desferiram 80 tiros no corpo do músico no Rio de Janeiro?

A violência vai de sua sutileza até formas mais grotescas, provando que o discurso da direita brasileira violenta de que a esquerda é uma ameaça, em verdade, é uma ameaça no campo das ideias. Para combater conhecimentos que valorizam a humanização da sociedade, por anos, o Escola Sem Partido (e, pelo que sabemos, é o “Escola com Um Só Partido”, uma só ideia) indicou meios de intimidação das professoras e professores e, pela negação de grande parte do saber, consequentemente, negou a ciência.

A beligerância contra a ciência também se mostrou quando houve a demissão do presidente do INPE e tantas outras mudanças de cargo e direção que estão em andamento neste governo, a partir de critério ideológico na defesa de uma única ideologia.

Quando o atual presidente pede para os evangélicos se armarem, numa apologia clara à violência, fica evidente que acusam os grupos de esquerda do que eles mesmo fazem.

Se os “donos” do poder, a classe mais rica, é predominantemente de direita, pode-se chegar à conclusão de que usam seus recursos e influência para garantir essa continuidade. Por isso, pouco se espantam quando um deputado brasileiro precisa se exilar fora do país e é mal dito pelas atuais autoridades, quando o presidente da OAB tem a memória de seu pai (incinerado pela Ditadura Militar) ofendida e sua filha ameaçada de morte nas redes sociais.

Os donos do poder (aqueles, descendentes dos Sem Terra Europeus) pouco se importam se um ex-presidente poderá ser transferido para uma penitenciária (e, ao que tudo indica, sendo um preso político) e se esse mesmo ex-presidente é ofendido pelo Ministro da Educação, quando disse que o Lula estava “enjaulado” (termo utilizado para referir-se a animais presos) ou comparado, publicamente, com drogas (no escândalo do avião da FAB com cocaína).

A direita brasileira (aquela que, sem mérito algum, recebeu de graça, terras indígenas, no séc XX) nem mesmo se comove com as mortes em acampamentos dos Sem Terra, os incêndios, assassinatos e constantes ataques recentes a aldeias indígenas (Dourados-MS, da cultura Kaiowá, Aquidauana-MS e Miranda-MS, dos Kinikinauas, Wajãpi no Amapá) e as ações dos garimpeiros contra a floresta e seus defensores.

O esclarecimento e a compreensão histórica dos fenômenos atuais torna-se instrumento de humanização, mas, para a direita brasileira, é uma ameaça. A educação e o jornalismo livre representam o conhecimento e a defesa da democracia. Devem ser defendidos e garantidos, com autonomia cada vez maior.

Acusam a educação e a imprensa de lutar e torcer “contra” o Brasil, quando, em síntese, a direita não quer a existência do contraditório. Quando do Golpe de 2016, as esquerdas (sim, porque entre as esquerdas o pensamento também diverge) se manifestaram pacificamente e acreditaram na justiça e, mesmo sob acusação de que, a então presidente, Dilma Rousseff era terrorista, não vimos violência durante o processo do impeachment (por parte das esquerdas). A violência também não aconteceu durante a prisão do Lula. Ambos poderiam ter promovido uma guerra civil, mas estes fatos (impeachment da Dilma e prisão do Lula) ocorreram de maneira pacífica, mesmo que notadamente contrários à Constituição.

O mesmo não ocorreu durante a corrida presidencial de 2018, onde políticos desfilavam com arma na cintura e incitavam a “metralhar” os setores da esquerda. Inclusive, o atual presidente exalta torturadores, fato que prova a aceitação por boa parte da sociedade da beligerância da direita e a falsa acusação da beligerância da esquerda.

Dessa forma, fica clara a violência histórica da direita, que se utiliza da coerção para se manter no poder. Mesmo durante os governos de esquerda, a direita sempre esteve no poder, a fim de garantir o neoliberalismo que mantém a situação do Brasil como colônia extrativista e a escravidão em novos moldes.

Por isso, o Tsunami da Educação 13A deve lutar, não somente para garantir os recursos da educação pública, laica e de qualidade, mas, também, para que a democracia esteja cada vez mais sólida, em contraposição com a coerção histórica que destrói todo indivíduo que “ousa” questionar a opressão dos grupos dominantes.


Imagem de destaque: Yolanda Assunção

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