Terceira guerra mundial

Dalvit de Paula Greiner

Espero que você esteja fazendo esta leitura na tranquilidade de sua casa, com seus familiares, sem nenhum outro contratempo relacionado a essa doença. Espero, finalmente, que você não tenha perdido ninguém com essa doença: nem parente, nem amigo, vizinho ou colega de trabalho. Nem mesmo um conhecido do bairro, daqueles que a gente sabe da existência, mas sequer conversa com eles. Só sentimos a sua falta quando vem uma notícia ruim sobre ele ou ela.

Estamos vivendo uma tranquilidade mórbida e acreditando que não é conosco. Como ninguém ao nosso redor foi afetado diretamente com a doença ficamos tranquilos esperando que os dias passem e voltemos à normalidade. Está claro, porém, que aquela normalidade do início de 2020 não mais existirá. No mínimo teremos que nos habituar a uma compulsividade higiênica que, imagino, irritará as pessoas. Mas, ou isso ou a doença. E com a doença, a morte.

Logo no começo da pandemia em Belo Horizonte, numa saída à rua para comprar comida e observando as pessoas, veio-me uma sensação de guerra. Nunca tivemos uma guerra em nosso quintal, portanto não sabemos o que é uma guerra, uma cidade atacada ou ocupada por forças inimigas, estranhas em seus costumes e linguagem. Nunca passamos o que a Europa passou em suas várias guerras internas, redefinindo fronteiras, obrigando migrações, convivendo com a fome, o frio e a sede. Não sabemos o que é isso. Não sabemos lidar com isso.

Quando falamos em números nossa insensibilidade aumenta porque não temos, em nosso cotidiano, noção de grandeza. Não conhecemos de perto coisas grandes. Nossa conta bancária é pequena, nossas dívidas são pequenas. Essas são as maiores coisas que conhecemos numericamente. Mas, pense bem e faça alguns exercícios mentais.

Na Segunda Gerra Mundial morreram, aproximadamente 85.000.000 de pessoas durante seis anos de conflito. 35.000.000 de soldados, ou seja, gente que se dispôs a morrer. Os outros 50.000.000 foram simplesmente atacados em suas casas. A quantidade de mortes significou, em média, 38.812 pessoas por dia. Mas, nós não sabemos quem são e apenas com um forte exercício de empatia, aqui tão longe da Europa, no tempo e no espaço, podemos sentir algo. Grosso modo, as gerações do pós-guerra nem fazem ideia das necessidades que um conflito dessas proporções acarretam.

Mas, vamos ao Covid-19. Até o dia 1 de julho, o mundo contava 512.331 mortos pela doença. Uma doença que tem apenas seis meses, ou 180 dias. Isso nos dá uma média diária de 2.846 mortos. A cidade de Belo Horizonte contou 324 mortos no mesmo período. Uma média diária de quase duas mortes por dia. De fato, num cálculo de probabilidade, a chance de uma dessas duas mortes ter ocorrido na sua vizinhança ou até mesmo na sua família é muito pequena. É até difícil comparar tais números com uma guerra.

Dados sobre os casos de Covid-19 em Minas Gerais do 01 de julho de 2020 Fonte: Google

Mas, o que acontece se você resolver se expor ao contágio? Chegará o momento que nem uma ação judicial abrirá um leito de UTI para você. Não que o Estado não queira. Chegará o momento em que mesmo que haja equipamentos, não haverá quem cuide de tanta gente doente, pois não basta ter um leito: é preciso toda uma equipe. E uma equipe é composta de pessoas qualificadas. Não são quaisquer pessoas.

Voltando à Matemática. Se você é um observador verá que aproximadamente 5% dos casos confirmados morrem, não é mesmo? Confirmados são aqueles que fizeram testes. E os que não fizeram testes? Quantos são? Então se cuide, fique em casa, lute para que o governo funcione e dê condições às pessoas. Estamos numa guerra.

Em Estatistica todos têm nomes. Só não são ditos.


Imagem de destaque: Retomada das atividades em Manaus. Foto: Bruno Kelli/Amazonia Real

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