Tempo de recolher

Aleluia Heringer

O isolamento social, medida aconselhável para o retardo no avanço do contágio do coronavírus, leva-nos, no primeiro momento, a pensarmos naquilo que deixaremos de fazer, que teremos que cancelar ou adiar.

Para aqueles que têm um emprego ou uma fonte de renda que dê suporte nesse período, que não sabemos ao certo o quanto irá durar, terão um breve desconforto.

Para aqueles que dependem de “vender” algum serviço, o drama é bem maior. Não vendendo, não prestando algum serviço, não ganham. Muitos não têm reservas, pois garantem “o pão nosso de cada dia”, a cada dia! A manutenção da vida diária, em si, já é uma luta.

Para além do quadro envolvendo a saúde pública, teremos que pensar na ajuda humanitária. Com certeza, haverá algum “próximo”, perto de nós com quem teremos que dividir algo ou ajudar. Para aqueles que vivem nas ruas, vulneráveis, sem acesso a água limpa ou sabão, esses terão o complicador de não contar com quem os possa ver, ter compaixão e cuidar. Que a noção e vivência da fraternidade possa ser aguçada nesse período!

Por fim, todos nós, teremos que fazer adaptações na rotina e, por que não, ter que se haver consigo mesmo. Voltar para casa, estar em casa, seja ela física ou simbólica. Encontrar-se com o próprio silêncio e encarar a dimensão da própria vida sem os atalhos ou anestésicos sociais que por vezes nos entorpecem. Parada brusca e obrigatória que nos impõe a vigília e o pensamento do bem comum e, porque não, tempo de refletir e tentar encontrar o ponto onde nos perdemos como humanidade.


Imagem de destaque: Tom Sodoge / Unsplash

 

 

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