Reset or Delete

Dalvit Greiner de Paula

Com a chegada do vírus real esquecemos o vírus virtual, aquele do computador que quando infecta nosso equipamento ficamos desesperados. Quem não passou por uma experiência desse tipo? Vem um vírus, não se sabe de onde e infecta o seu computador. Você fica louco e desesperado e desesperançado porque perdeu tudo o que tinha produzido. Apesar do antivírus – caros, muito caros – você fica a olhar para a máquina sem saber o que fazer. Vírus, antivírus, vacina. Os mais velhos, como eu, devem se lembrar do terror que foi a expectativa do bug do milênio. Os mais novos, como nossos filhos, nem devem saber o que foi isso. E agora, com um vírus real rondando sua máquina corpo? Resetar ou deletar?

As muitas expectativas giram em torno de uma vacina, que os mais otimistas imaginam, virá em pelo menos um ano e meio, para o final de 2021. Enquanto isso, na medida em que é uma doença que não tem cura, vemos morrer nos hospitais e enterramos rapidamente os corpos na vã esperança de enterrar também o vírus. Mas, o vírus está no ar, na nuvem! As discussões em torno da vacina, como uma possibilidade de prevenção e barreira contra a doença é o que vem animando as pessoas, dando um fio de esperança àqueles que sobrevivem, graças a uma quarentena bem feita. Quarentena é isso: ficar longe do vírus. É como manter a sua máquina desligada da internet, da nuvem.

E nessa linguagem de internet deparei-me com a possibilidade do reset. Mas, não fui eu quem inventou isso. Foram os grandões da economia, os global players que se encontram anualmente em Davos, na Suíça. Eles já propõem o “Great Reset” para todo o mundo. Ou seja, um “deu errado!” então… “para-tudo!” e vamos recomeçar. Quando vemos o filme do World Economics Forum vimos que eles perceberam que há um limite ambiental para o planeta. O problema é: começar de onde, com quem, como e para quem? É claro que devemos olhar com desconfiança: essa turma não ficou boazinha de repente e perceberam, só agora, o estrago que fizeram. A depender do que fizerem em Davos, em 2021, nada vai mudar nas relações capitalistas que gerenciam o mundo. O Grande Capital que agora quer o Grande Reset não perde nunca.

Mas, eu imaginei que os governos locais poderiam ter feito um reset em suas economias como forma de combater os efeitos sociais da pandemia. Fiquei imaginando se o governo brasileiro tivesse congelado tudo o que era possível congelar: impostos, taxas, água, luz e combustível. Tudo aquilo que tivesse preço controlado pelo governo seria congelado. Congelariamos também os títulos bancários – e os bancos não perderiam nada porque um percentual pequeno sobre um grande capital é um nada – de maneira a adiar todos os vencimentos. Enquanto durasse a pandemia ninguém deveria ninguém e, portanto, não deveria haver pagamentos. Seria uma boa solução para que todos aqueles que pudessem permanecer em suas casas. Não precisaria se preocupar, principalmente aqueles que exercem atividades que põem as pessoas na rua: bares, lanchonetes, restaurantes, camelôs, etc.

E o essencial para sobrevivermos? Como ficaria? Se não temos o que pagar aos bancos e ao governo, com nossas despesas adiadas, não precisaríamos trabalhar para pagá-las. Poderíamos sim ficar em casa com nossas despesas de alimentação garantidas pelo nosso dinheiro que já entregamos ao governo. O dinheiro que já entregamos ao governo deve também garantir o gás de cozinha, a água da torneira, a energia da tomada e tudo o mais que é necessário para a nossa sobrevivência. Ninguém deve sair à rua.

Um reset significa parar tudo: o que ainda não fizemos e por isso vamos tentando eliminar o vírus levando uma vida normal. Não estamos num tempo normal. Nem nova nem velha normalidade. Insistimos na nossa velha normalidade acreditando em todas as panaceias pseudo-científicas e mágico-religiosas não querendo parar agora para viver depois. As velhas desculpas capitalistas tem servido a todos: do vendedor de rua ao grande empresário. A ideia de que a economia não pode parar junta-se com a ineficiência de um governo que não quer parar.

Num tempo de guerra como esse que vivemos, em que o mais importante é salvar a vida de todos – mesmo sabendo dessa impossibilidade devemos chorar cada ser humano perdido para essa doença. Não reconhecer a autoridade da ciência para o caso de qualquer doença, não reconhecer a sua tecnologia de cuidado com as pessoas é pedir: delete!


Imagem de destaque: Ervins Strauhmanis / Flickr

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