Reflexões pandêmicas: Por uma docência sentipensante

Laura Janaina Dias Amato

Daniella Vale de Asnes Pedrozo*

Laura Fortes**

Bruna Macedo**

A pandemia nos trouxe tantas coisas, entre elas mudança na nossa forma de atuar enquanto docentes. Como formadora de formadores minha função também teve que ser repensada. O excesso de lives, informações, afazeres e tela é cansativo e desgastante, contudo, atualmente é a única forma que temos de interagir com quem está distante de nós. O grupo de pesquisa “Linguagem, Política e Cidadania” e o projeto de extensão “Pedagogia de Fronteira” realizou no mês de junho conversas formativas junto à comunidade de Foz do Iguaçu, como parte do programa Agenda Tríplice.

No dia 17 de junho debatemos questões sobre a docência neste período pandêmico. A pergunta provocadora foi: estamos em tempos de mudança ou o docente sempre trabalhou com mudanças? E desta, várias outras surgiram…

Daniella, pedagoga do município e regente de uma turma do 2º apresenta suas angústias sobre seu papel e função enquanto docente. Como adaptar um planejamento, sendo que não é ela quem está elaborando as atividades? Aqui em Foz do Iguaçu, a Secretaria de Educação decidiu elaborar as atividades de maneira quinzenal, enviá-las impressas às escolas e solicitar aos pais e responsáveis que as buscassem; enquanto as professoras corrigiam os materiais entregues. Essa mudança é uma troca de eixo completa, no qual o papel docente não é o de ensinar, mas em estar em contato com seu alunado. Essa experiência e esse formato de “ensino” não aprendemos em nossa formação pregressa, além disso, é um modelo do qual, muitas vezes, não tivemos acesso, sendo assim, precisamos adaptar nossos saberes para essa realidade diferente.

A formação é um processo diário da prática com estudantes. A presença é parte do nosso trabalho, construindo com eles as discussões. O processo da sala de aula, que estava em transformação, nesse momento é repensado e traz à tona a reconstrução das relações de prática docente e a prática de construção de conhecimentos em sala de aula. Nesse momento, o conceito “aula” é revisitado. A mudança da educação, da aula no formato que muitos de nós conhece, deveria ter vindo a um bom tempo, porém as transformações são muito lentas. A mudança aconteceu sorrateiramente e fomos, de certo modo, pegos de surpresa e não sabemos como lidar. Como será o depois? A realidade é precária.

Porém, será que ser docente não é lidar com as incertezas e constantes mudanças? Nossas angustias estão mais acuradas e potencializadas pelas dificuldades nacionais, sociais, econômicas que estamos vivendo. Devemos repensar formas de atuar, mas não de maneira isolada. Devemos aproveitar o momento, no qual, apesar de estarmos longe da instituição escola, a docência está sendo valorada pelas famílias e reforçar o papel docente enquanto agente transformador da educação, com o qual o vínculo é insubstituível. O aprendizado, como nos mostrou Paulo Freire, só é significativo quando somos afetados, ou como nos apresenta Fals Borda, “nós acreditamos, na realidade, que atuamos com o coração, mas também empregamos a cabeça. E quando combinamos as duas coisas, assim somos sentipensantes.”

* Docente do município de Foz do Iguaçu – PR.

** Docentes da área de Letras e Linguística da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA), Foz do Iguaçu – PR.


Imagem de destaque: Nick Morrison / Unsplash

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