Privilégio e contradição: um convite à leitura a partir do filme Luta de classes

Alexandra Lima da Silva

Como cinéfila, ter a oportunidade de ir a festivais de cinema é algo que que eu aprecio bastante. Infelizmente, com a pandemia da COVID-19, uma das minhas atividades favoritas ficou bastante prejudicada. O que fazer? Plataformas online têm sido boa opção de entretenimento. E para quem não vive sem um festival de cinema, alguns estão acontecendo… virtualmente. Este é o caso do Festival Varilux de Cinema Francês, que em 2020 disponibilizou, gratuitamente, uma seleção de 50 filmes das últimas edições do festival, em uma versão “em casa de graça”.

Dos filmes que eu assisti, o que mais me agradou foi Luta de Classes, lançado em 2019, com direção de Michel Leclerc. Me agrada bastante o fato de o elenco ser multiétnico, com diferentes acentos na língua francesa falada no filme.

Na cena de abertura é possível acompanhar o diálogo entre o casal protagonista em que Paul questiona a divisão e a distribuição de fatias de queijo para a montagem de um simples sanduíche:

“-Espere, ele tem mais que ela?, questiona Paul.

-Não, ele tem dois. Responde Sofia.

-Não, ele tem mais uma, ou seja, ele tem 3 fatias de queijo. Como ensinar igualdade se divide em 3 para 1? Toma, dois para cada é o mínimo.”

O casal decide mudar-se de Paris, pois esta tornou-se uma cidade “de ricos para ricos”. Mas os conflitos e as contradições decorrentes do modo de vida do casal começam a aflorar a partir do momento em que o filho do casal, Coretin, se sente incompreendido e solitário na escola pública, onde ele tornou-se a única criança branca. O convívio com pessoas não-brancas das classes trabalhadoras coloca em evidência os privilégios que Paul tanto diz combater: ele, um homem branco, de esquerda, tem o privilégio de ter escolhas.  E por mais progressistas que sejam as ideias de Paul, ele não consegue livrar-se de alguns preconceitos, sendo a intolerância religiosa o maior deles.  Além dos conceitos de raça, gênero, etnia, religião, nacionalidade e classe, o filme também coloca em discussão a importância das pessoas brancas na luta antirracista e por igualdade. A meu ver, o filme é fundamental para quem pensa um projeto de escola pública como plural, inclusiva e de qualidade, para todas e todos.

Referências

Luta de classes. Filme de ficção. Direção de Michel Leclerc, França, 2019.

Link para assistir gratuitamente até 27/08: http://festivalvariluxemcasa.com.br/


Imagem de destaque: Distribuição / A2 Filmes

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