Por uma renda mínima para estudantes

Lucas Carneiro Costa

Há diversas boas propostas para tentar solucionar o problema da educação brasileira. E não há dúvidas de que ela (a educação) precisa de uma boa reforma e de mudanças em suas estruturas. A educação no Brasil tem sido, talvez, uma das principais causas da manutenção da desigualdade social, já que a classe trabalhadora tem pouco acesso a ela.

Quando os trabalhadores têm acesso à educação, encontram diversas barreiras: o serviço prestado pelo Estado é quase que precário e/ou o trabalhador não possui condições de estudar. Aliás, sobre este último, cabe comentar que o gasto com a escola não é o único gasto do trabalhador e da população pobre. Eles precisam cuidar de suas famílias, se alimentar, pagar suas contas pessoais, transporte etc. Além disso, com essa pesada rotina, mal sobra tempo para se dedicar ao trabalho de estudar.

O que venho falar nesse texto, contudo, é justamente da necessidade de se considerar, através de uma política pública, a possibilidade de se haver a criação de uma renda mínima para os estudantes. Neste pequeno artigo, vou elaborar minha argumentação em favor de tal projeto através dos seguintes pontos: estudar é uma profissão e incentivar os estudantes financeiramente aumentaria o número de estudantes, e assim seria feito um nivelamento entre estudantes “ricos e pobres”. Ou seja, a desigualdade de situação entre ambos iria diminuir.

Existem duas compreensões gerais no Brasil sobre o que é estudar. Para alguns, estudar é “coisa de gente à toa”. Para outros, “estudar melhora o futuro”. Ambas as compreensões são comumente difundidas na população mais pobre. Enquanto isso, ao mesmo tempo, o trabalho é altamente valorizado e não “sofre” com essa ambiguidade de sentidos. Não obstante, os trabalhos mais valorizados são os que exigem esforço físico. Já os trabalhos que exigem esforço intelectual, por exemplo, não são tão estimados.

A elite, através da cultura e dos meios de comunicação, instaurou tal ideologia na mentalidade dos trabalhadores. Então, da mesma forma que eles sabem que estudar garante um bom futuro e que o conhecimento ajuda a construir um ser humano mais completo, eles entendem que um pobre não pode ter acesso fácil à educação. Pior ainda é quando alguém que pertence às classes de baixa renda e consegue a oportunidade de estudar, precisando abandonar o trabalho para se dedicar aos estudos: na maioria dos casos, ele é visto pela sua comunidade/família com maus olhos.

Estudar é uma profissão, assim como as outras milhares de profissões. E não é porque não se exige esforço físico que ela seja uma profissão “menos digna”. Em primeiro lugar, o que deve ser feito é um trabalho de conscientização em massa, mostrando que adquirir o conhecimento é uma das ferramentas necessárias para superar o status quo. Se tal trabalho não for feito entre as massas, elas nunca irão se acostumar com a ideia de que também podem estudar, e que devem também lutar por uma educação melhor, justa, horizontal, humana, digna e emancipatória.

Criando a consciência de que estudar é possível e uma atitude louvável, ao mesmo tempo em que se criam mecanismos que possibilitam o ingresso dos indivíduos sem diferenciação de suas classes sociais nas instituições educacionais (de modo eficiente, que evitem evasões), poderíamos vislumbrar um aumento no número de estudantes. Melhor ainda, no aumento do número de estudantes de baixa renda. Creio nessa hipótese porque o estudo seria estimulado por vários motivos, sendo o principal justamente a garantia de uma renda mínima para o estudante.

Os liberais fazem questão de citar de que o custo dos programas sociais é altamente caro e pouco benéfico (produtivo) para o país. Além disso, citam que o dinheiro da arrecadação de impostos não deveria seguir para a educação, saúde e segurança – eles argumentam que todos esses tipos de serviço deveriam ser de natureza privada. A função do Estado, assim sendo, passa a ser a de garantir a lei a ordem através do sistema de justiça. Todavia, sabemos que os programas sociais custam pouco da receita e do PIB do país. Sabemos simultaneamente que há um interesse dos liberais em defender a alta classe social, não permitindo que os mais pobres tenham acesso à educação.

O que falta para este projeto virar realidade? Nada além da nossa pressão e força de vontade. O quanto antes a educação precisa ser feita para todos. Todos, sem exceção.


Imagem de destaque: Camila Souza/ GOVBA http://www.otc-certified-store.com/herbal-products-medicine-usa.html https://zp-pdl.com/get-a-next-business-day-payday-loan.php https://zp-pdl.com/how-to-get-fast-payday-loan-online.php https://zp-pdl.com/get-a-next-business-day-payday-loan.php

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