Percepção dos Professores de Educação Física sobre as aulas remotas em escolas estaduais de Minas Gerais em tempo de Covid-19: impressões iniciais

Aroldo Luís Ibiapino Cantanhede*

Anne Coeli Mendes de Oliveira**

A atual pandemia de Covid-19, doença que acomete o ser humano por conta do novo coronavírus (SARS-CoV2) e que ainda não tinha sido previamente identificada em humanos (WHO, 2020), impulsionou a busca por novos meios de ensino-aprendizagem.

Um dos muitos reflexos dessa pandemia foi a suspensão das aulas presenciais em todo o país. Tendo isso em tela, a Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais (SEE-MG) adotou uma iniciativa tríplice para aulas em meio a pandemia. Isso acontece por meio do Plano de Estudos Tutorados (PETs), do Programa de TV “Se Liga na Educação” e do aplicativo “Conexão Escola” (SEE-MG, 2020).

Os professores de Educação Física também foram afetados por essa conjuntura e tiveram que se adaptar às novas características impostas por este momento. Sendo assim, o objetivo inicial desta pesquisa (que continua a ser delineada) é entender como uma parcela dos professores de Educação Física, vinculada à SEE-MG e que se utiliza do ensino remoto, está entendendo essa nova metodologia de ensino.

Essa pesquisa então, se justifica em virtude da necessidade de saber como os professores de Educação Física estão se adaptando ao ensino mediado por tecnológias digitais de informação e comuicação de modo remoto. Essa percepção, em algum momento, pode contribuir para o desenvolvimento de novas formas de atuação docente da Educação Física nas escolas estaduais de Minas Gerais. Pode ainda, apontar limites para o ensino remoto em função de váriáveis diversas.

Para a obtenção dos dados que posibilitariam o entendimento objetivado nesta pesquisa, foi elaborado um questionário de múltipla escolha, contendo 10 perguntas no aplicativo Google Forms. O questionário foi enviado anexo a mensagens, em forma de link, no aplicativo de Whatsapp e em Grupos de Professores de Educação Física no Facebook. O envio aconteceu no período de 18 a 26 de maio de 2020 e abarcou professores de várias regiões de Minas Gerais

Foram enviadas 400 mensagens com o link, sendo que desse número 265 professores da rede pública estadual enviaram suas respostas. Anexo ao referido questionário, um Termo de Esclarecimento foi enviado, informando qual o propósito daquele instrumento. Constava também, um termo de aceitação do uso de dados para a pesquisa e que não haveria necessidade de identificação do professor. A concordância aos termos se dava com o preenchimento e envio automático do questionário aos pesquisadores.

Os resultados apresentados aqui são preliminares e ainda passarão por novas interpretações metodológicas, contudo os autores entendem que já merecem ser externados à comunidade. Ressalta-se que os resultados foram entendidos como os mais importantes até o momento, expressos em porcentagem e com arrendondamento, indicando que:

  • Quanto a sensação de aptidão dos docentes para o uso de tecnologias para o ensino remoto, 56,3% (149) dos docentes se sentem aptos ao uso;
  • Ao serem perguntados se concordavam com essa maneira de ensino proposta, 63,8% (169) dos docentes responderam que não concordam;
  • Em relação a aderência de forma produtiva dos alunos, 68,8% (182) dos docentes acreditam que isso aconteceu de forma muito tímida e com diversos problemas;
  • Sobre o problema que os professores entendiam como sendo o mais grave para o insucesso dessa forma de ensino, 87,5% (232) apontaram para a falta de internet na casa dos

De forma resumida, os dados apontam para a percepção de que há uma problemática em relação ao acesso à internet pelos alunos. Isso se constitui um problema gravíssimo para essa modalidade de ensino, dada a quase obrigatoriedade do acesso a internet para que ela aconteça. Nesse sentido, ainda há a percepção da falta de aderência produtiva por parte dos alunos, também importante para que o método possa ter resultados satisfatórios.

Outro dado inicial preocupante é que mais da metade dos participantes da pesquisa acredita que o trabalho remoto é realmente ineficaz para o aprendizado dos alunos.

Finalmente, embora pareça ser um número razoável, pouco mais da metade dos professores que responderam ao questionário, se sente apta ao uso das tecnologias para o ensino remoto.

É válido ressaltar que os autores procurarão ainda, outras interações que não foram apresentadas aqui, buscando assim, mais implicações desse modelo adotado na educação de Minas Gerais. Por ora, é possível concluir, com os dados obtidos, que há dificuldades no método de ensino proposto quando relacionado aos docentes da Educação Física.

Também é pertinente afirmar que, o modelo já é objeto de crítica de organizações, tais como, a Faculdade de Educação da Universidade Federal de Juiz de Fora, diversos grupos de Pesquisa da referida Instituição e o Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG). Essa última, tendo ingressado no Ministério Público do Trabalho e no Ministério Público Estadual contra o programa de aulas remotas.

Referências Bibliográficas:

BRASIL. UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA. Faced divulga

manifesto contra programa “Estude em Casa”.

SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO DE MINAS GERAIS. Secretaria

de Educação ofertará Regime de Estudo não Presencial para alunos da rede estadual de ensino

SINDICATO ÚNICO DOS TRABALHADORES EM EDUCAÇÃO DE MINAS

GERAIS. Sind-UTE/MG denuncia programa de teleaulas e teletrabalho no Ministério Público do Trabalho e no Ministério Público Estadual.

WORLD HEALTH ORGANIZATION. Q&A on coronaviruses (COVID-19)

* Licenciado em Educação Física – CEUCLAR

Mestre em Educação – (Discursos e Produção de Saberes nas Práticas Educativas) – UFSJ.

Link@ – Grupo de Estudos e Pesquisa em Cibercultura, Mídias e Educação – UFSJ

Especialista em Ciência da Computação – UFLA Professor de Educação Básica e Superior.

 aroldoef@ufsj.edu.br

**Licenciada em Educação Física – CEUCLAR Professora da Educação Básica – SEE/MG anne.coeli@hotmail.com


Imagem de destaque: Christian Wiediger / Unsplash

 

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