Pela via da emancipação: educação integral e cidade educadora – exclusivo

Karla Magda Rodrigues Ferreira

Muito se fala em promover o acesso ao Ensino Superior para uma parcela cada vez maior da população, em especial os indivíduos oriundos de classes populares. Para que isso ocorra, muitos acreditam ser necessária a valorização dos profissionais da educação, dando-lhes um salário justo e formação adequada para a consequente melhoria do ensino. Outros acreditam que o caminho passaria por uma sociedade menos desigual.

Embora essas medidas sejam necessárias, a mudança pode começar através de um passo bem mais simples.

As dificuldades encontradas pelos alunos de escolas públicas tornam-se ainda mais visíveis ao final da Educação Básica. Parte destes indivíduos foram considerados bons alunos a julgar pelas notas em seu boletim. No entanto, frente à tentativa de ingresso no Ensino Superior, muitos se deparam com uma realidade bem diferente daquele aparente sucesso obtido nos tempos de escola. Diante das provas de seleção muitos se deparam com o fato de que não dominam sequer conteúdos pertinentes às séries finais do Ensino Fundamental. Talvez porque grande parte dos conteúdos exigidos nestes processos seletivos não foram sequer ensinados a eles.

A realidade destes alunos não é tão diferente daquela citada por Pierre Bourdieu ao falar dos filhos de famílias populares francesas. Seus estudos mostraram que boa parte dessas famílias ignorava a existência dos liceus mais próximos, sendo este um fator importante para explicar a ausência destas classes nestes espaços. Os filhos das classes populares francesas não conheciam os liceus assim como muitos alunos de escolas públicas brasileiras não conhecem instituições de ensino básico de boa qualidade, as chamadas “ilhas de excelência”, nem mesmo instituições de ensino superior. Segundo o sociólogo o que faltava era um capital sobre o cursus, sobre o que significavam boas escolhas a partir de uma determinada fase da vida escolar, informações sobre as carreiras futuras e posteriormente informações sobre o sistema universitário.

Outros estudos mostram a vantagem que filhos de professores universitários, detêm sobre seus concorrentes. Vantagem esta baseada não apenas no “capital cultural” acumulado, mas também em informações privilegiadas sobre o funcionamento de instituições de Ensino Superior que lhes mostram o caminho das pedras.

Pode parecer impensável, mas muitos destes jovens desconhecem o fato de que não é necessário pagar mensalidade em uma universidade pública.

Sempre falamos sobre o que fazer para mudar a realidade destes alunos de modo que contribuamos para seu acesso ao Ensino Superior, mas talvez o primeiro passo seja justamente o mais fácil: informar sobre suas possibilidades, e sobre os caminhos que levam à concretização deste sonho.

 

Karla Magda Rodrigues Ferreira é aluna de Pedagogia da MG e estagiária do projeto Pensar a Educação Pensar o Brasil 1822-2022.

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